Publicado em 08/03/2023 às 18:33, Atualizado em 08/03/2023 às 22:35

"Senhora do meu destino, condutora da minha alma", por Myla Meneses

Myla Meneses,
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Imagem: Canva 

Conhecer a história da sexualidade feminina é encontramos muitos sussurros trocados ao longo dos séculos, as longas cartas conservadas como uma maneira de expor o “eu interior” e milhares de relatos passados entre muitas gerações de mulheres.

Durante a maior parte da história, os homens aparecem como protagonistas e heróis nos livros e muitos eventos, enquanto as mulheres, foram privadas de informações e espaços de discussão, enfrentavam os costumes, tabus e tradições impostas que as limitavam e a censuravam o tempo todo.Ao mesmo tempo, sempre buscamos um futuro onde pudesse nos garantir o direito de conhecer o próprio corpo e de fazer ouvir as suas vozes.

Ao passar dos séculos, as restrições quanto ao desfrute do prazer sexual, a imposição dos costumes e a objetificação da mulher como mero aparelho de procriação se tornaram frequentes. E, em muitos momentos e sociedades, se tornou uma regra.

O silêncio em relação a sexualidade fez com que as mulheres passassem a evitar as discussões relacionadas ao sexo, do corpo e suas relações, mesmo em ambientes privados, limitavam suas conversas a temas frios, imperturbáveis à convivialidade e aos bons costumes dos séculos. Enquanto os homens tinham pleno acesso à sexualidade dentro de bordéis, o mesmo conhecimento não era permitido às mulheres, que se casavam virgens e eram proibidas de sentir prazer durante a relação sexual.

As intolerâncias, assim como os costumes, ditavam e ainda ditam a maneira de se vestir, de se relacionar e de lidar com o sexo e com o próprio corpo para muitas mulheres. Ainda nos dias de hoje muitas mulheres ainda afirmam que: acham errado a mulher sair com os amigos, sem a companhia do marido ou namorado e afirmam que a mulher não deve ficar bêbada em festas ou baladas entre outros temas. Muitas dizem achar errado a mulher ir para a cama no primeiro encontro e criticam aquelas que têm vários “ficantes”. Além disso, ainda temos vários casos que afirmam que já foram obrigadas a transar sem vontade, outras já tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro. O que gera altas índices de feminicídios e de violência doméstica.

As jovens hoje, procuram desconstruir o pensamento de que falar de sexo esteja relacionado a vulgaridade. Mostram está relacionada à vida e à saúde feminina e que, apesar de todos os tabus. Precisamos compreender que a sexualidade é uma forma de conhecer a si mesma. Os novos espaços de debates e muitas leituras, esse cenário está mudando. O século XXI trouxe momentos importantes e muitas transformações para a emancipação da sexualidade feminina. Discussões acerca da pílula anticoncepcional, a escolha da maternidade, direito à masturbação e aos orgasmos múltiplos, assim como a luta pelo aborto são conquistas e avanços que pouco a pouco se consolidam dentro das pautas feministas e da busca pela emancipação da mulher. A sexualidade não diz respeito só a componentes naturais, mas também a fatores inconscientes, culturais e a expressão do próprio corpo.

É preciso romper o patriarcado e o machismo. É necessário mostrar que as mulheres, às vezes, que não podemos mais ser silenciadas, que a expressão da sexualidade feminina é fundamental nesse percurso de conhecer o seu eu, ainda tem muito a descobrir sobre o próprio corpo. Precisamos estimular mais igualdade salarial e de oportunidades no mercado de trabalho; proporcionar acesso igualitário à educação para ambos os gêneros; promover a educação familiar que represente a mulher não apenas como dona de casa ou sexo frágil; transmitir valores de dignidade. A sexualidade feminina também acontece quando há a conscientização das mulheres em reivindicarem por seus direitos, garantir que possam estar cientes da luta pela total igualdade entre os gêneros em diversos cenários sociais.