Publicado em 13/03/2016 às 15:46, Atualizado em 26/04/2017 às 15:48
Em 15 de março do ano passado, a Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 210 mil pessoas, conforme o Datafolha
O acirramento da crise política em Brasília e os desdobramentos da Operação Lava Jato envolvendo diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criaram no governo e na oposição a expectativa de que as manifestações marcadas para este domingo, 13, igualem ou superem o recorde de público registrado nos quatro grandes protestos anteriores em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
No mais significativo deles, em 15 de março do ano passado, a Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 210 mil pessoas, conforme o Datafolha a maior manifestação política registrada no Brasil desde o movimento das Diretas-Já, em 1984. Naquela data, segundo cálculos da Polícia Militar, quase 2 milhões de pessoas foram às ruas em todo o País. Em São Paulo, a PM estimou que 1 milhão de pessoas se reuniram na região da Paulista, dado bastante contestado.
Os protestos deste domingo estão programados para ocorrer em ao menos 415 cidades brasileiras e outras 23 no exterior, de acordo com monitoramento do Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL). Pela primeira vez os partidos políticos de oposição no Congresso Nacional se associaram institucionalmente ao evento e consequentemente ao seu resultado final.
Representantes do MBL e os líderes partidários combinaram uma atuação conjunta na capital paulista para mostrar afinidade. Nosso objetivo é criar um canal institucional direto entre o Congresso, onde a decisão do impeachment será tomada, e a rua. A delação do senador Delcídio Amaral e a condução coercitiva do Lula esquentaram muito o clima, disse Renan Santos, um dos coordenadores do MBL.
Além de abrir seu palanque para os políticos, o grupo montou um comitê integrado e organizou uma entrevista coletiva ao lado dos parlamentares. Deputados e senadores vão se reunir em um hotel e caminharão juntos até a Avenida Paulista.
Passarão primeiro pelo caminhão do Vem Pra Rua, onde discursarão do chão, e, em seguida, caminharão até o espaço reservado ao MBL. Não pode haver preconceito em relação aos políticos. As duas partes precisam agir de forma integrada, diz o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), líder da oposição no Congresso e coordenador do comitê integrado.
Os governistas, por sua vez, tentam minimizar um eventual recorde de público. Essa manifestação por si só não tem condições de derrubar a presidente legitimamente eleita, afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara. Bandeiras. Os grupos responsáveis pela organização dos atos deste domingo e os partidos políticos unificaram as palavras e ordem e não incluíram nelas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi alvo de um pedido de prisão por parte do Ministério Público de São Paulo.
A prisão do Lula será uma consequência e não deve ser uma bandeira. Não faz sentido incluí-lo nas palavras de ordem, disse o ex-deputado José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, organismo ligado ao PSDB nacional.
Isso não significa, porém, que Lula será poupado. O Lula não será bem tratado, mas ele não será o foco central, e sim o impeachment da Dilma, afirmou Renan Santos, do MBL.