Publicado em 02/02/2022 às 08:30, Atualizado em 02/02/2022 às 12:32

“A coreografia das raposas,” por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon,
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Foto: Divulgação

Não estou falando da raposa, animal silvestre muito esperto, que adora saborear uma galinha gorda, com suas habilidades orquestradas sob técnicas próprias em busca de suas presas.

Muito menos dos incríveis grupos de balé, com suas danças de concerto, com suas formas altamente técnicas, difíceis, embalados pelas grandes orquestras, sejam sinfônicas ou filarmônicas, regidas por Maestros qualificadíssimos, que conseguem, por meio de músicos igualmente qualificados, dar vida a obras de gênios como: Beethoven, Amadeus, Chopin e tantos outros.

Não. Nada de piruetas e adágios de balé clássico. Nada de nossas raposinhas devoradoras de galinhas.

Deveras, falo da coreografia dos “maestros” políticos em tempos de período pré-eleitoral, que usam de suas extraordinárias habilidades para montar seus palanques, suas coligações e/ou federações partidárias, mirando as eleições e mirando a chamada governabilidade no complexo sistema presidencialista do Brasil.

Sem nenhum nacionalismo e forte dose de pragmatismo, inimigos políticos sentam na mesma mesa, com pratarias de luxo, vinhos de primeira qualidade e “rega bofes” a dar inveja, para orquestrar as profanas uniões, visando dividir o poder central, como se divide uma melancia.

As negociações políticas dependem da coreografia das “raposas”.

Fico pensando que não será uma coreografia muito fácil de montar. Como harmonizar e sincronizar pensamentos tão diferentes? Ontem estavam se ofendendo mutuamente, hoje querem compartilhar dos mesmos pensamentos.

É óbvio que na democracia é preciso levar em conta a importância do diálogo em busca por esforços coletivos pelo bem comum. Mas também é óbvio, que no caso em questão, onde inimigos históricos da política brasileira, vem, agora com essa conversa mole de união de esforços e programas, isso é como misturar água com óleo e logo no primeiro dia depois das eleições, os conflitos de ideias e posturas virão à tona e a paz efêmera tornar-se-á em conflito como sempre, dando ao povo uma banana.

Querer unir Lula, Alckmim e Kassab, “se chá fosse”, daria uma tremenda diarreia com um só gole.

Isso é um profundo desprezo a inteligência do povo. É uma espécie de neonacionalismo temperado com fortes doses de pragmatismo que beira o ridículo, que escancara o vale tudo e sepulta qualquer esperança de dar certo. Seria o mesmo que esperar Rússia, Estados Unidos e China abram mão de seu material bélico e compartilhe interesses comerciais, evidentemente incomuns. Cada um defende seu quadrado e pronto. Tiram fotos, espalham falsas cordialidades diplomáticas e nada mais. É como sempre digo, “farinha pouco, meu pirão primeiro.

E quanto aos programas de governo dos pré-candidatos. Esquece isso meu irmão.

Elizeu Gonçalves Muchon.

elizeumuchon@hotmail.com