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Batayporã: Família de garoto que morreu após passar mal contesta declaração de óbito e questiona HR de Nova Andradina

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Imagem: Acácio Gomes / Nova News

Na manhã desta quarta-feira (13), a família do garoto José Guilherme Maracci, de 10 anos, que morreu no domingo (10), após passar mal, recebeu a equipe do Nova News para falar sobre o caso. A reportagem foi até a casa da família, na Vila Maria Gonçalves, em Batayporã.

Os pais da criança, Aclerisson Maracci, de 39 anos, e Daniela Figueiredo de Santana, de 31 anos, rebatem as informações que constam na declaração de óbito e questionam atendimento ofertado ao paciente no Hospital Regional (HR) de Nova Andradina.

Eles são categóricos ao afirmarem que o garoto não foi vítima de picada de escorpião e que esta hipótese, no entendimento da família, não poderia constar na declaração de óbito. “Queremos saber a verdade. Quando as pessoas nos perguntam do que nosso filho morreu nós não temos essa resposta e isso aumenta ainda mais a nossa dor”, afirma Daniela.

Traçando uma linha do tempo dos acontecimentos, os pais de José Guilherme Maracci afirmam que, na segunda-feira (04), ele reclamou de dor de ouvido, sendo levado até o Pronto Atendimento Médico (PAM) de Batayporã, diagnosticado, medicado e liberando, ficando bem após isso.

Na sexta-feira (08), a criança começou a reclamar de dor em um dos braços, membro que ele havia fraturado há alguns anos, sendo levado pela família diretamente ao HR de Nova Andradina, onde passou por exame de Raio X, que não teria apresentado alterações, foi medicado para dor e liberado.

Já no sábado (09) à noite, o garoto passou a reclamar de dor mais forte no braço, dor na perna, no pé e mal-estar generalizado, sendo levado pela família ao PAM de Batayporã, que, por sua vez, decidiu realizar a transferência do paciente para o HR de Nova Andradina, onde José Guilherme teria dado entrada por volta das 23h.

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Imagem: Acácio Gomes / Nova News

Nas palavras da mãe, durante o atendimento no HR, o médico perguntou se a criança havia sido picada por um escorpião, sendo que, ela disse que não acreditava nessa possibilidade. “Meu filho era muito ativo. Sempre ia para as fazendas onde moram nossos parentes, andava a cavalo, ajudava a lidar com gado. Ele tinha conhecimento sobre animais peçonhentos e certamente teria nos falado caso fosse picado”, explicou Aclerisson.

A família também afirma que durante o tempo em que esteve no HR, foi feita uma coleta de sangue da criança, no entanto, os pais não teriam tido acesso aos resultados de possíveis exames que poderiam terem sido feitos com o material.

Outro ponto destacado pelos pais do paciente é com relação ao atendimento ofertado pelo HR. “As enfermeiras foram muito gentis, mas o médico que atendeu ele era bastante frio. Estávamos em um momento delicado e acho que um pouco de humanidade nos ajudaria muito naquela hora de incerteza”, pontua a mãe.

A família revelou também que, a princípio, o garoto foi mantido no setor de observação e que, apenas mais tarde, foi levado para o setor de emergência.

Na madrugada de domingo (10), por volta das 05h, os médicos do HR optaram por realizar a intubação do paciente e sua transferência para o Hospital Universitário (HU) de Dourados. “Queremos entender o que aconteceu. Ele chegou no HR caminhando, conversando, estava consciente. Foi ao banheiro sozinho, deu descarga, estava totalmente lúcido e saiu de lá horas depois intubado em estado grave”, disse o pai.

A família disse ainda ao Nova News que, no momento da intubação, o garoto teria vomitado. “As enfermeiras vieram nos perguntar o que ele havia comido, uma vez que o vômito dele estava escuro. Nós informamos que ele havia tomado açaí horas antes. Se ele vomitou durante a colocação do tubo, será que foi ministrada a sedação da forma correta. Será que essa intubação foi feita do modo certo?”, questionam os pais.

Após a intubação, o garoto foi transferido para o HU de Dourados, sendo que, a mãe teria ido na cabine da ambulância, junto com o motorista, e o garoto na maca, acompanhado do médico e de enfermeira. Já o pai do garoto tinha ido até em casa, em Batayporã, pegar roupas e outros pertences, e seguiria atrás, de carro.

“Quando chegamos no HU de Dourados, que a ambulância estacionou, o médico do HR, que foi acompanhando meu filho, já me disse que ele não havia resistido, entrando em óbito no trajeto. Ele não chegou a dar entrada no HU. O médico me deu a pior notícia que uma mãe pode receber, que é a morte do filho, ali, na calçada do hospital. Meu esposo ainda não tinha chegado e eu estava sozinha naquele lugar. Meu mundo caiu. Corri para dentro da ambulância e fiquei ao lado do corpo do meu pequeno até meu marido chegar”, contou a mãe.

“Será que a forma como ele deu a notícia do óbito foi a mais correta? Será que minha esposa não deveria ter sido encaminhada para uma sala, acolhida e mantida ali até que eu chegasse para recebermos juntos as informações e, pelo menos, tivéssemos um ao outro para nos apoiar?”, questiona Aclerisson.

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Imagem: Arquivo

Outro ponto informado ao Nova News pela família é que não foi feita autópsia no corpo da criança. “Nos disseram que se fosse fazer autópsia o corpo teria que ficar em Dourados por mais um ou dois dias. Naquele momento, abalados que estávamos, só queríamos trazer nosso garoto de volta, mesmo que sem vida, o quanto antes. Agora, mais calmos, vemos que a não realização da autópsia pode resultar na não apuração correta da causa da morte”, pontua o casal, ao questionar se, nesses casos, há essa possibilidade de optar pela realização ou não da autópsia ou se há um protocolo padrão a ser seguido pelos médicos.

Na declaração de óbito, que foi assinada e carimbada pelo médico do HR de Nova Andradina que acompanhou o garoto até Dourados, consta no campo “causas da morte”: parada cardiorrespiratória devido ou como consequência de síndrome da angústia respiratória aguda; picada de escorpião; celulite de outros locais.

Conforme já informado, a família descarta abertamente a hipótese de picada de escorpião, inclusive, cabe destacar que, conforme apurado pelo Nova News, em caso de picada de escorpião, a unidade de saúde responsável deve notificar obrigatoriamente a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES-MS), por meio do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX), o que não teria sido feito no caso do garoto, motivo pelo qual, a SES-MS emitiu uma nota nas últimas horas informando que a ocorrência segue sob apuração.

“Queremos saber a verdade. Entender o que aconteceu e saber os motivos que fizeram com que nosso filho, um menino ativo, saudável e sem comorbidades, nos deixasse dessa forma. Sei que nada vai trazê-lo de volta, mas, merecemos compreender o que houve até para que outros pais e outras mães não passem por situações semelhantes”, conclui o casal.

Providências

Os pais da criança afirmam que vão protocolar junto ao HR um requerimento para terem acesso aos prontuários médicos do garoto, tanto com relação ao atendimento de sexta-feira (08) quanto sobre os procedimentos realizados entre a noite de sábado (09) e a manhã de domingo (10), até o momento do óbito. Eles também disseram que vão registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil para que o caso seja apurado.

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Imagem: Acácio Gomes / Nova News

Outro lado

Na manhã desta quarta-feira (13), logo após conversar com a família, o Nova News manteve contato com a Direção Geral do HR de Nova Andradina, solicitando informações sobre o caso, sendo que, o servidor responsável afirmou que estava em reunião e que repassaria, assim que possível, os questionamentos para o Departamento Jurídico da entidade, sendo que, o Nova News segue à disposição da unidade de saúde para eventuais esclarecimentos. 

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