Foco de gripe aviária registrado em granja de Montenegro (RS) na última quinta-feira (15) não precisa causar pânico nem mudar os hábitos alimentares da população. Em entrevista ao Campo Grande News, o presidente do CRMV/MS (Conselho de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul), Thiago Leite Fraga, reforçou o que especialistas e órgãos públicos já vêm dizendo: é seguro continuar consumindo ovos e carne de frango, apesar do caso identificado.
"Não tem nada a ver com a ingestão da carne de frango, nem com a ingestão de ovos. Temos que entender que toda essa questão de biossegurança com o abate das aves e das várias toneladas de ovos descartadas, é para evitar a propagação viral, não é porque existe risco para a saúde humana. É simplesmente para evitar desse vírus circular em uma velocidade maior do que já é esperado entre as aves", explica.
Thiago esclarece outra dúvida comum, que é sobre a possibilidade da transmissão da gripe aviária entre aves e humanos. Ele diz que isso pode ocorrer e detalha como.
"Isso é possível e já tem vários casos descritos no mundo, inclusive nos Estados Unidos, com um único quadro de óbito. O que tem de contaminação descrita envolve seres humanos que tiveram um contato diário e muito próximo com animais doentes, com suas fezes. São trabalhadores que têm contato direto com eles", afirma.
Mas a transmissão de humanos para humanos pode acontecer? O médico veterinário responde.
"Ela não tem uma circulação de humano para humano. É importante ressaltar que no Brasil e no mundo todo não há relatos de transmissão do vírus de pessoa para pessoa", assegura.
Tanto nas aves quanto no ser humano, os sintomas da gripe aviária são semelhantes aos de qualquer outra gripe, acrescenta Thiago.
Risco à saúde pública - O presidente do CRMV também avalia que a gripe aviária não representa potencial risco à saúde pública tendo as características que têm.
"Se houvesse a transmissão de humano para humano com a mesma velocidade que acontece nas aves, aí sim era um motivo grande de preocupação global, mas não é o caso. Portanto, essa possibilidade no momento pode ser descartada", começa.
Ele cita que ainda não se sabe se o vírus da influenza humana, por exemplo o H1N1, terá a capacidade de misturar material genético com o vírus influenza aviária, o H5N1. "Nada exclui essa possibilidade. Esses vírus podem compartilhar material genético? Essa hipótese não está descartada e pode, sim, ocorrer ", conclui.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.