Publicado em 31/03/2020 às 07:54, Atualizado em 31/03/2020 às 15:36

Nova Andradina e Batayporã: Pandemia do coronavírus acende alerta sobre a propagação das “fake news”

Órgãos de imprensa e população devem estar atentos no combate às notícias falsas

Acácio Gomes, Redação Nova News

A pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento social vêm sendo acompanhadas pela ampla profusão de conteúdos sobre o tema. Com isso, se acende o alerta para as “fake news” (notícias falsas), uma prática nociva difundida no Brasil e no mundo.

Nos últimos dias, em Nova Andradina e Batayporã, bem como em outras cidades da região, é inacreditável a quantidade de notícias falsas que têm circulado nas redes sociais como Whatsapp, Instagram e Facebook.

Pessoas sem qualquer qualificação e que não fazem parte da imprensa, divulgam, por meio de áudios, vídeos, textos e comentários em outras postagens, supostos fatos e informações sem procedência, gerando pânico na população.

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Combater as notícias falsas é dever de toda a sociedade - Imagem: Acácio Gomes / Nova News

Em municípios do interior do Estado, como é caso de Nova Andradina e Batayporã, por exemplo, onde o número de habitantes e a extensão geográfica das cidades permite que praticamente quase todos se conheçam, as “fake news”, além de afetarem a coletividade, acabam se tornando também como que um ataque pessoal.

Isso vem ocorrendo em Batayporã, por exemplo, onde três casos confirmados de pessoas diagnosticadas com covid-19 foram registrados nos últimos dias. Mesmo que as autoridades ligadas à Saúde Pública e os órgãos de imprensa tenham preservado os nomes dos pacientes, a população acaba deduzindo de quem se trata e as famílias se tornam alvos de uma enxurrada de notícias falsas e comentários maldosos.

Até mesmo a suposta morte de uma destas pacientes, que, na verdade, segue internada em Dourados, foi noticiada nas redes sociais, gerando profundo mal-estar à família.

“Pensem bem... Sabe o que é deitar e acordar nesses dias com publicações, ameaças, xingamentos, palavras que doem mais do que um tapa. Ver teus filhos desesperados com publicações que te afetam. Por isso parem e pensem bem. O que a mídia está fazendo [ao noticiar os fatos] é a parte dela, mas os comentários maldosos [de pessoas que não fazem parte da imprensa] são os piores”, desabafa a integrante de uma das famílias.

Em Nova Andradina não é diferente. Embora, até o fechamento desta matéria, nenhum caso confirmado de covid-19 tenha sido registrado na cidade, as “fake news” não param de circular. Entre as principais notícias falsas estão supostas informações sobre pessoas contaminadas e sobre pacientes que estariam sendo escondidos pelos órgãos de Saúde Pública, como se houvesse uma conspiração das autoridades para que informações sobre a doença fossem “abafadas”.

Alerta 

Neste momento delicado de pandemia, a população deve tomar ainda mais cuidado tanto para não acreditar em mentiras quanto para que elas não sejam compartilhadas e acabem atingindo proporções ainda maiores, pois as notícias falsas espalham desinformação e dificultam a divulgação de orientações corretas pelas autoridades.

Entre as orientações para o combate às “fake news” estão duvidar de fontes desconhecidas, buscar orientações nos sites oficiais da imprensa e das autoridades de área, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde e as secretarias municipais e estaduais, além de evitar repassar informações sem certeza, mesmo que venham de amigos ou familiares.

Dicas 

O Comitê Gestor da Internet divulgou algumas dicas para manter um uso seguro da Internet e sobre como identificar notícias falsas. Conforme a publicação, em geral os boatos difundidos apresentam uma série de características:

- Afirmam não ser notícia falsa

- Possui título bombástico

- Tem um tom alarmista, com palavras como “cuidado” ou “atenção”

- Omite local, data ou até mesmo fonte (principalmente no caso do Whatsapp)

- Não traz evidências nem embasamento

- Coloca-se como único a revelar uma informação escondida pelos demais veículos

- Pede para ser repassado a um grande número de pessoas e alega consequências trágicas caso a tarefa não seja realizada

- Utiliza URL ou até mesmo design gráfico semelhante a veículos conhecidos.

Punição 

O material lembra que as pessoas responsáveis pela difusão dessas mensagens contendo notícias falsas podem ser punidas, como o enquadramento nos ilícitos de calúnia e difamação, além de danos morais. No Brasil, o ilícito relacionado a um conteúdo falso só existe na legislação eleitoral, mas esses outros tipos penais podem ser utilizados.

Atenção com notícias antigas 

Também na última semana, pessoas, no mínimo maldosas, começaram a repercutir, pelas redes sociais, uma matéria produzida pelo Nova News em 27/04/2019, ou seja, há quase um ano.

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Matéria é verdadeira, mas se refere a um fato ocorrido e abril de 2019 - Imagem: Reprodução / Nova News

A reportagem, que é verdadeira, noticia a morte de uma moradora de Batayporã, que faleceu sob suspeita de gripe H1N1 no ano passado, porém, o compartilhamento do conteúdo em larga escala neste momento gera a falsa impressão de que o óbito ocorreu agora, na época da pandemia, deixando os moradores ainda mais preocupados.

Neste contexto, sempre que receber o link de uma publicação, além de verificar se a notícia é verdadeira, é importante estar atento à data em que a reportagem foi produzida para evitar situações que induzam a população ao erro. (Com informações da Agência Brasil).