Publicado em 11/04/2016 às 14:50, Atualizado em 26/04/2017 às 16:06
A vacinação contra a gripe H1N1 começou neste domingo (10) na capital paulista e na Grande São Paulo. Nesta fase, serão sendo imunizados crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes e idosos, totalizando 3 milhões de pessoas.
A campanha de vacinação precisou ser antecipada no estado porque o vírus da gripe começou a circular mais cedo este ano. Foram registrados, até 5 de abril, 667 casos da doença e 75 óbitos. Do total de mortes, 70 ocorreram por causa da H1N1, três pelo vírus B e duas pelo H3N2. A vacina disponibilizada na rede pública protege contra os três tipos de vírus.
De acordo com o infectologista e supervisor do Pronto-Socorro do Hospital Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira, na maioria dos casos de morte, os pacientes já apresentavam doenças crônicas.Por isso, a próxima etapa de imunização, a partir do dia 18, terá como alvos os portadores dessas doenças e imunodeprimidos, mulheres no período de 45 dias após o parto e população indígena.
Teixeira alerta que não há razão para pânico. Segundo o especialista, o que pode ter elevado o total de mortes este ano foi a falta de informação sobre a chegada antecipada do vírus, tanto por parte da população quanto dos serviços de saúde. Isso pode ter prejudicado o tratamento. A gente sabe que todo ano tem gripe, uma parte vai ter complicação e uma parte vai a óbito, disse.
Movimento nos postos
No posto de saúde no bairro Alto de Pinheiros, zona oeste da capital, o movimento era tranquilo na manhã de hoje. Thaís Sartor, de 63 anos, aposentada, estava preocupada com uma possível fila e, por isso, chegou mais cedo. O povo está muito desesperado, nessas filas. Não é assim também. Todo ano a gente toma vacina e sempre foi tranquilo.
A diarista Regiane Vieira da Silva, de 30 anos, levou o filho de 1 ano e 2 meses para ser vacinado. Esperei meia hora só, foi rapidinho. Estava ansiosa para receber, mas queria que minha outra filha, de 9 anos, também recebesse a vacina.
A psicóloga Andreia Kinsan, de 39 anos, levou o filho Pietro, de 3 anos, para ser vacinado, mas estava preocupada com o outro filho, Enzo, de 9 anos, que sofre de asma. Se não desse para tomar aqui, eu ia levar meus filhos no [médico] particular. Todo ano nós tomamos, mas a minha preocupação é com aqueles que não se vacinam, disse ela.
A publicitária, Juliana Fornicola, de 32 anos, que está grávida, foi vacinada no Instituto Emílio Ribas, zona oeste. Meu marido trabalha na área da saúde e insistiu para que eu viesse. Estava ansiosa para tomar a vacina, que tomei, em outros anos. Mas, grávida, é a primeira vez que tomo a vacina. Acho importante.
De acordo com o infectologista, todas as gestantes que receberem a vacina, em qualquer período da gravidez, continuam repassando os anticorpos para o bebê, que fica imunizado até o sexto mês de vida.
Reações à vacina
Segundo o infectologista, a vacina contra a H1N1 começa a proteger em 14 a 21 dias. Porém, os cuidados devem ser mantidos, já que, mesmo vacinada, a pessoa pode pegar gripe. A vacina tem 70% de eficácia, em média. Além disso, a imunização não protege contra resfriados, que é uma versão mais branda da doença.
Entre as reações, estão dor no local da aplicação, mal-estar e dor no corpo. Aí vem a confusão, as pessoas acham que a vacina causa a gripe, o que seria impossível. Acham que a vacina não presta, por confundir os conceitos, disse Teixeira.
O médico alerta também contra a automedicação. Tomar amiflu [medicamento usado no tratamento da H1N1] como profilático não é recomendado. Se tomar junto com a vacina, vai ter o resultado [da vacina] diminuído, porque o remédio age combatendo o vírus. Assim o tamilfu vai combater a vacina.Como medidas preventivas, Teixeira sugere deixar os ambientes ventilados, ter cuidado ao tossir ou espirrar e higienizar as mãos, que são os principais meios de propagação do vírus.