Milton Sena repete discursos de 2012 e de 2016 para anunciar pré-candidatura a prefeito

O ex-vereador e ex-vice-prefeito, Milton Sena, reuniu, na noite desta terça-feira (03), um grupo de filiados do Partido Democrático Trabalhista (PDT) para anunciar sua pré-candidatura a prefeito de Nova Andradina.

O gesto se repete pela terceira vez em menos de 12 anos. Isso porque nas últimas duas eleições municipais Sena também afirmava ser candidato, fato que nunca se concretizou.

A suposta candidatura mais emblemática protagonizada por “Miltão”, como é mais conhecido, se deu ainda nas eleições de 2012. Naquela época, um grupo denominado Bloco Democrático de Oposição (BDO) dava sinal que realmente o nome de Milton Sena seria colocado à prova.

Na época, o BDO reunia 14 legendas e quatro pré-candidatos a prefeito: Adriano Palopoli (PSD), Milton Sena (PDT), Luiz Tadao (PT) e Edilson do Gás (PR). Todos fecharam um arco de aliança em torno do nome de Milton Sena, dando sinais que o grupo de oposição poderia chegar ao comando do Poder Executivo de Nova Andradina.

Os encontros da época eram “frenéticos” e recheados de reuniões secretas, mas, por outro lado, em algumas ocasiões, entrevistas coletivas eram convocadas para que a mídia local pulverizasse os nomes dos principais lideres do BDO no sentido de ganhar força e tentar vencer as eleições municipais, quebrando assim a hegemonia do grupo liderado pelo ex-prefeito Roberto Hashioka.

Naquele período, todos os integrantes do Bloco Democrático de Oposição chegaram a assinar um termo de compromisso, que foi registrado em cartório, no qual eles se comprometiam a fazer parte do BDO, que tinha como meta tirar a prefeitura das mãos de Hashioka e de seus aliados, porém, mesmo com esta medida, o racha do bloco foi inevitável.

A divisão foi constatada no dia 15 de junho de 2012, quando uma reunião que definiria os rumos das siglas que formariam BDO foi realizada de forma tensa e tumultuada devido às ausências de Palopoli e Sena.

No entanto, horas antes de se encerrar o prazo para as convenções, Sena foi anunciado como candidato a vice-prefeito em uma chapa encabeçada pelo ex-prefeito, fragmentando todo projeto construído pelo bloco de oposição. Meses depois, a dobradinha Hashioka e Milton foi vencedora das eleições.

Já em 2016...

“Só Deus me tira dessa disputa”, pregava o líder pedetista durante entrevista na redação do site nova News. Na oportunidade, novamente, seguido de atos de lançamento de pré-candidatura a prefeito de Nova Andradina, “Miltão” voltava à cena, desta vez, irredutível com sua pré-candidatura. A decisão, em 2016, contava com o aval do Diretório Estadual do partido e do deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT).

Ele explicava, em 2016, que seu projeto político era mais sólido do que na época do BDO e que realmente estava disposto a lutar pela Prefeitura de Nova Andradina. “O BDO era uma articulação isolada, construída apenas dentro de Nova Andradina, que não resistiu a conflitos de ideias diferentes entre seus componentes e que acabou se desmanchado. Desta vez, minha pré-candidatura parte da cúpula estadual do PDT, é um projeto maior e mais bem estruturado”, afirmava.

Ainda em 2016, após uma reunião com ex-governador André Puccinelli, Milton Sena, que na época era vice-prefeito de Roberto Hashioka, declinou mais uma vez de sua pré-candidatura a prefeito de Nova Andradina, decidindo apoiar uma chapa encabeçada por Gilberto Garcia e Newton Luiz de Oliveira, o “Nenão”, vencedores daquele pleito.

Em 2020

Durante a noite desta terça-feira (03), novamente uma equipe do Nova News foi acompanhar, pela terceira vez, mais um lançamento de pré-candidatura de Milton Sena.

Dessa vez, apenas aproximadamente 15 pessoas compareceram ao evento, dentre eles ao ex-vereador Pedro Soares, que, minutos antes, em entrevista à reportagem, Sena já havia adiantado que não continuaria no PDT. Durante a entrevista, Milton adiantou também a saída do vereador Quemuel Alencar, líder religioso e o mais votado na última eleição municipal.

Ainda durante o encontro dos pedetistas, Alex Aquino, outro líder religioso, foi mais um nome que confidenciou a reportagem que também estaria deixando o partido comandado por Milton Sena e seguiria o caminho tomado pelo vereador Quemuel, que trocará de legenda a partir desta quinta-feira (05), período que abrirá a janela de transferência eleitoral.

Ainda em dúvida se permanece ou não no PDT, o vereador Airton Castro passou pela reunião, porém, não ficou no local.

No encontro, "Miltão" voltou a cravar que, desta vez, não haverá de forma alguma o recuo. O líder explicou que, nas últimas duas eleições, houve uma série de fatores que o levaram a rever suas decisões, porém, agora, o cenário é outro e bem mais favorável a uma vitória.

Sena pontuou o revezamento no poder entre o grupo comandado por Garcia e Hashioka, dizendo que é preciso um novo modelo de gestão, que ele tem desejo de implantar no município. Sobre as administrações anteriores, o pré-candidato desconversou e preferiu dizer que defende, para este ano, uma eleição mais pulverizada, com nomes novos à disposição dos eleitores.

Questionado sobre os motivos por romper com Gilberto Garcia, o qual ajudou a eleger, Sena disse que o atual prefeito não teria cumprindo com ele um compromisso firmado na última eleição. “O Gilberto ganhou a eleição e me falou: 'Miltão', me ajuda que na próxima vai ser você. Mas agora o Gilberto é candidato, então decidi ser candidato também”, finalizou.