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“A CPI da covid cumpriu seu papel?”, por Elizeu Gonçalves Muchon

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Imagem: Divulgação

A CPI da Covid, como ficou conhecida, tem até 05 de novembro para encerrar seus trabalhos, mas o Presidente Omar Aziz, já mandou avisar que quer encerrar antes.

Dos 126 nomes aprovados para serem ouvidos, 70 devem ser dispensados. A Comissão Parlamentar de Inquérito, como o próprio nome diz, é importante ferramentas das minorias, com poder para investigar, convocar pessoas, tomar depoimentos, quebrar sigilos, construir um relatório e encaminhar para PGR, MPF, Tribunal de Contas da União e até mesmo para Tribunal Penal Internacional.

Daí pra frente a “bola” fica com o MP, que pode aproveitar esse relatório para oferecer eventuais denúncias.

Contudo, a pergunta que fica é a seguinte: a CPI da Covid cumpriu seu papel?

Inclusive, vale lembrar as tendências dos Senadores que ocupam cadeiras nessa Comissão.

São três os grupos de Senadores. O primeiro são os de Oposição. Esses, tem como objetivo principal desgastar o Governo e ao mesmo tempo aprofundar as investigações, tendo em vista que esse é o papel da oposição, com relevância para o fortalecimento da democracia. Não há democracia sem oposição. Entretanto, é preocupante, quando essa oposição transforma o ambiente de debates em vitrine para antecipar o pleito de 2.022. Vale tudo, por exemplo, os Senadores Randolfo Rodrigues e Renan Calheiros até outro dia eram inimigos mortais, agora andam abraçados pelos corredores do Senado. É como dizia Leonel Brizola: a política ama a traição, mas abomina os traidores.

O Segundo grupo é formado por Senadores da base do Governo. Esse, por óbvio, defende o Governo e também aproveita o ambiente de debate com grande visibilidade para demonstrar “fidelidade” e, ao mesmo tempo negociar liberações de emendas e até Ministérios, (caso do Senador Ciro Nogueira que assumiu a Casa Civil).

O Terceiro grupo são os Senadores que se dizem independentes, (um direito deles), no entanto, são vistos como dissimulados que não tem coragem de assumir uma posição política, ficando como cacos de vidro, “em cima do muro.”

O confronto dos três, que em tese chamam de exercício da democracia, gerou um funcionamento tão lento quanto o caminhar de cágado perneta, em termos de resultados concretos.

Sobre o foco das investigações: Pois bem, os fatos determinados para que a CPI fosse instalada, demonstrava a necessidade de investigar o Governo Federal, os Estados e os Municípios, que receberam recursos específicos para combater o avanço do vírus chinês.

No tocante as investigações direcionadas ao Governo Federal, a coisa avançou, porém quanto aos Estados e Municípios, que foram gestores de um grande volume de dinheiro federal, não andou, sequer a falta de oxigênio hospitalar em Manaus foi investigada a fundo pela CPI. Isso aconteceu porque a oposição construiu maioria na CPI, e obviamente tem interesse de apontar a metralhadora para o Governo Federal e não aos Estados e Municípios, reduto eleitoral dos nobres Senadores(as).

Senadores como: Omar Aziz, Renan Calheiros, Ciro Nogueira, Humberto Costa, Randolfo Rodrigues, Simone Tebet e outros, beberam na fonte e se deleitaram com os holofotes da CPI.

Quanto custou essa CPI? Mistério total.

Atingiu seu objetivo? Cabe a cada um tirar suas próprias conclusões.

Esse relatório trará algo novo que o Ministério Público e Polícia Federal ainda não sabia? Tenho minhas dúvidas.

Promoveu politicamente e/ou desgastou alguém? Claro.

Uma coisa é certa, está na hora de encerrar os trabalhos, isso ficou muito claro no depoimento do folclórico Luciano Rang, dono da Havan. Foi um espetáculo deprimente. A CPI vai guardar em seus anais, documentos de um País degradado, políticos sabujos, empresários picaretas e tudo o que tem de pior na sociedade brasileira.

Cabe ao cidadão, estar bem informado e tirar suas próprias conclusões, lembrando sempre que as próximas eleições são desafiadoras para o eleitor brasileiro, diante da nuvem negra que paira, até aqui, sobre os principais nomes que querem a cadeira de Presidente. Não menos importante são as eleições para o Congresso Nacional e Assembleias legislativas.

O ambiente desta CPI, antecipa um debate nada voltado para as políticas públicas e necessidades do povo brasileiro. Com certeza um dos lados vai massacrar Bolsonaro, jogar em suas costas a responsabilidade por mais de 600 mil mortes. O outro lado vai colar a imagem de Lula a uma corrupção endêmica que afundou o país e envergonhou o povo brasileiro. Um será muleta para outro na campanha. E a tal terceira via? Bom aí depende de uma variante chamada centrão e até mesmo de uma pouco provável desistência de Bolsonaro. Se isso acontecer, Lula será desidratado, porque encontrará pela frente alguém que vai bater firme, sem deixar motivos para Lula reagir.

Esse jogo de xadrez vai ficar empolgante a partir de fevereiro de 2022. Por agora, vamos procurar saber se o espetáculo da CPI da Covid valeu a pena. Até lá é bom lembrar a velha máxima, segundo a qual, na política, o dia da gratidão é a antevéspera da traição.

Elizeu Gonçalves Muchon

elizeumuchon@hotmail.com

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