Publicado em 16/06/2020 às 16:17, Atualizado em 16/06/2020 às 20:21

“A luta entre o ovo e a pedra”, Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon ,
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Foto: Divulgação

Quão vulnerável é a sociedade. Estou certo que essa pode ser uma boa definição. Poderia ser diferente. Poderia, mas não é.

No Brasil, somos uma sociedade de “ovo”. Nossa proteção social é uma casca sensível e vulnerável, com uma capa lipídica que permeia o conteúdo. É obvio, que um leve toque basta para rompê-la e expor esse conteúdo.

O Governo é a “pedra”. O Governo e os demais Poderes. Pedra é um material sólido, de natureza rochosa. Sem alma, sem coração, sem sensibilidade, sem pudor, sem caráter, sem ética e muito sem noção.

O ovo é vida. Efetivamente uma vida, com suas virtudes e com seus defeitos, à guisa de quaisquer das vidas que falemos.

É neste contesto díspar, que infelizmente ocorre a luta entre o “ovo e a pedra”. Uma guerra claramente desigual.

Pois vejamos: embora vivemos em um dos países mais ricos do mundo, milhares de cidadãos vivem na miséria ou até abaixo da linha dela.

Todos ali, “emparedados”, à mercê de uma pedra apontada, pronta para ser lançada e destruir de vez a infeliz vida do sujeito da classe podre, aqui comparada a um ovo.

Essa comparação, portanto, tem o propósito de mostrar que esse ovo tem uma vida lá dentro. Basta ser fecundado e transformar-se-á em uma célula viva, pronta para crescer, pronta para romper a casca e povoar o Brasil com vidas diferentes. Criar uma nova sociedade capaz de mostrar que a aparente vulnerabilidade do ovo, venha a se transformar em um conjunto de novas cabeças pensantes capaz de vencer a rudez das pedras.

Meras prospecções. Infelizmente. Ali, presos no invólucro da casca, esta parte sofrida da sociedade, assiste o tempo passar inutilmente a espera de uma fecundação que não acontece.

Ali, como um objeto inútil, clamam por uma Democracia madura, justa e capaz de promover justiça social e mitigar o sofrimento coletivo. Assistem, todavia, outros que querem ressuscitar uma ditadura inspirada nos Nazistas da Alemanha, ou nos Fascistas da Itália, resumidos em uma só coisa, hierarquizada em uma figura central, com viés de monstro com domínio absoluto.

Por sorte, nossa Democracia ainda prevalece. Capenga, mambembe, mas resiste. Pena que não aparece um líder capaz de mudar as estruturas dessa Democracia. Alguém que resolva tomar uma decisão capaz de revolucionar a sociedade. Essa decisão chama-se EDUCAÇÃO DE QUALIDADE.

Investir na formação de Professores. Mudar as estruturas e blindar as escolas de ideologias. Entender que somente com profissionais qualificados, com investimento pesado em Ciência e Tecnologia, podemos enriquecer o País e distribuir riquezas para toda sociedade. Entender que a qualificação de um povo é capaz de produzir riquezas até mesmo em Países que não tem matéria prima e riquezas naturais, coisas que temos de sobra e não sabemos usar, porque nossos governantes insistem em manter a maior parte da sociedade dentro de um “ovo”, sem poder participar do contesto social e contribuir enormemente para o crescimento comunitário.

A pedra e o ovo. É como o confronto entre “Davi e Golias. Na história bíblica quem tombou foi o gigante Golias.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

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