Publicado em 07/04/2021 às 16:24, Atualizado em 08/04/2021 às 13:19

“As pessoas têm fome”, por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon ,
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Imagem: Divulgação

A fome não veio com a Covid – 19. Ela sempre existiu no Brasil. Em 2018, o IBGE divulgou que o Brasil tinha 85 milhões de brasileiros com algum grau de insegurança alimentar, sendo que deste total, 13 milhões de brasileiros não tinha nada pra comer. A Covid só escancarou as necessidades urgentes do País. "As pessoas têm fome”.

A fome no mundo está relacionada com questões econômicas e com a distribuição das rendas, gerando a miséria que afeta boa parte da população. Chama-se isso de fome “endêmica”. Existe ainda a fome “epidêmica”, que se manifesta em períodos de guerra, mudanças climáticas, pandemias, etc..

A junção da fome epidêmica e endêmica, consiste no caos total e absoluto. É o que o mundo experimenta e vive neste momento. A pandemia decretada pela crise do novo coronavírus, perdura pelo longevo período de mais de um ano.

Enfim, a fome é muito triste. É óbvio que o que causa essa tragédia é a desigualdade social. E o que causa a desigualdade social é a má distribuição de rende, a falta de investimentos nas áreas sociais, como Saúde e Educação de qualidade para todas as camadas sociais. No entanto, no Brasil, é evidente a concentração de dinheiro e de poder, bem como a dificuldade de acesso ao trabalho.

Com a pandemia tudo fica mais difícil, mesmo porque o desemprego aumentou e o governo encontra dificuldades para distribuir o tal auxílio emergencial.

O paradoxo, é que o Brasil é o maior produtor de grãos do mundo. Mesmo assim, muita gente não tem acesso a alimentos, protagonizando uma das maiores humilhações e privações, que é não ter o direito e a dignidade de se alimentar.

Uma das tristes marcas desse período pandêmico, segundo recente pesquisa da (Rede PENSSAN), é que 55,2% das famílias brasileiras estão sofrendo algum tipo de privação alimentar e que, 19 milhões de pessoas estão passando fome.

Tempos difíceis.

As pessoas estão morrendo; às vezes de morte morrida, às vezes de morte matada, como sabiamente um dia observou João Cabral de Mello Neto.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

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