Buscar

"Boa Noite, Verônica", por Rafael Fernandes Rodrigues

Cb image default
Foto: Arquivo Pessoal

Estreou na Netflix recentemente uma série brasileira chamada “Boa Noite, Verônica” cujo universo envolve uma investigação de um assassino em série que engana suas vitimas através de um match em um aplicativo parecido com o Tinder. Faz lembrar “You”, seriado também da Netflix, só que americano que conta a história de um sociopata que busca mulheres em aplicativos de namoro e força uma relação completamente abusiva.

O que essas duas séries possuem em comum? Trazem para canais de entretenimento o assunto da violência doméstica. Assunto que antes era visto apenas em programas de sensacionalismo barato que estamos cansados de assistir, mas que não oferecem nenhuma orientação à uma suposta vítima que esteja assistindo no momento.

Estas séries atuais que usam de fachada uma ficção envolvendo um mistério trazem consigo a importantíssima informação de que a vítima nunca é culpada pela situação em que se encontra. A vítima não tem perfil econômico, social ou étnico. Qualquer pessoa pode se encontrar em situação de uma violência doméstica.

A série é muito boa em cumprir seu papel: a divulgação de vários cenários de violência doméstica: um casal que o marido é extremamente sistemático e confere até as ligações que a esposa fez durante o dia, o marido que culpa todo o cenário de violência da casa como justificativa de uma gravidez interrompida e o sociopata que abusa de mulheres e pratica pornografia de vingança com o intuito de intimidar e fazer com que a vítima não denuncie. Ao final de cada episódio são divulgados contatos que a vítima pode fazer a denuncia.

São cenários que podemos encontrar em qualquer residência ou relacionamento: um casamento duradouro de cinquenta anos ou um namoro com menos de dois meses. Se a delegacia de sua cidade não tem horário integral de funcionamento não desista. Conte com uma pessoa de sua confiança e procure redes de apoio. É importante denunciar, pois a culpa nunca, nunca é da vítima por mais que o agressor possa dizer isso.

A vítima em situação de abuso pode ligar para o número 180, procurar a delegacia comum, a delegacia da mulher ou a Defensoria Pública mais próxima. Todos estes órgãos possuem a obrigação de recepcionar esta denuncia da forma mais humanizada possível sem julgamentos. E o mais importante, sigilo.

Por mais que o cenário seja aterrorizador, é importante lembrar que a vítima nunca será desamparada e o mais importante, a culpa nunca será dela. Denuncie.

   Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e Conciliador formado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

Emal: [email protected]

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.