Publicado em 04/05/2020 às 14:58, Atualizado em 04/05/2020 às 19:01

“Bolsonaro e o centrão”, por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon,
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Foto: Divulgação

O Presidente Jair Bolsonaro tem um ponto positivo em seu Governo que é ter dado um fim na corrupção. Até que se prove ao contrário, não há nenhum indício de que haja roubo em seu Governo. Isso é muito bom e importante para nosso País.

Por outro lado, ele é um especialista em arrumar problemas para ele mesmo. Tal comportamento está levando o chefe do Executivo nacional a ter que sentar e negociar com o temido CENTRÃO, na Câmara dos Deputados.

Ao montar seu grupo de Ministros no início de seu Governo, Bolsonaro não consultou nenhum partido. Escolheu seus auxiliares com o discurso de que não iria ficar à mercê dos caciques políticos e daria fim a uma tal “velha política”.

Da lá para cá, nove Ministros já foram despachados pelo Presidente. Inúmeros embates com a Câmara e com o Senado.

Infernizado por seus filhos que só lhe dão problemas, ele tem arrumado muitos inimigos. Ciente da situação que pode, inclusive, lhe custar um impeachment, deu-se início a uma negociação com a turma do Centrão, cujo agrupamento de partidos reúne mais de duzentos parlamentares. É uma amálgama de partidos políticos que desequilibra as forças governamentais.

Segundo depoimento de alguns líderes do Centrão, o bloco informal debruça sobre os pedidos a fazer ao Presidente, em troca de apoiá-lo no Congresso. A lista é grande: Ministérios, Secretarias, Porto de Santos, Funasa, liberação de emendas, etc..

Gente ligada ao Presidente afirma que ele não tem outra saída a não ser negociar com o Centrão. No entanto, deixam claro que uma coisa é negociar cargos, outra muito diferente é permitir lambança.

Pelo que se vê, Bolsonaro pode tentar uma estratégia de liberar cargos aos componentes do Centrão, mas ao mesmo tempo ficará vigilante para que não ocorra atos de corrupção. É uma tentativa arriscada em busca da governabilidade.

Cedo ou tarde isso de fato aconteceria, mesmo porque, em uma democracia, negociar com partidos é algo natural e necessário, a questão é: por que negociar? Como negociar? Quais os conteúdos das negociações?

É inegável que a pressão aumentou sobre o Presidente. Diante disso ele ataca o Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional. Faz apologia ao Regime Ditatorial, tenta governar na canetada e esse comportamento leva muita gente pensar que um Golpe “estaria em andamento”.

Para corroborar com essa ideia, ele deu sinais de que pode trocar o Comando do Exército, criando ilações e fornecendo munição a sua oposição.

Depois da saída de Moro, sua popularidade ficou abaixo dos 33% mostrado em uma série histórica desde do início de seu mandato. Segundo especialistas, se baixar até 20%, poderá dar adeus a reeleição.

Pandemia, crise econômica, declarações erradas, confronto com as instituições, tudo gera combustível altamente explosivo no campo da política. Talvez fosse o caso de mudar as estratégias para o bem do país. Mas o Presidente continua apostando em seus militantes e seus próximos passos é um enigma cinzento, tudo é possível acontecer, inclusive nada.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

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