Publicado em 27/04/2020 às 15:58, Atualizado em 27/04/2020 às 20:02

“Como fica a aprendizagem dos alunos em tempos de pandemia?,” por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon ,
Cb image default
Foto: Divulgação

Fica prejudicada, é claro. Mas temos que entender a excepcionalidade do momento.

Primeiro vamos ver o que diz a Lei:

Segundo a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), a carga horária anual a ser cumprida, deve ser de pelo menos 800 horas, distribuídas por no mínimo 200 dias de efetivo trabalho escolar.

Dias letivos são programados para aulas, com presença dos alunos nas escolas.

Em segundo lugar, vamos ser claro, essa carga horária prevista em Lei não será cumprida nesse ano de 2020.

A estratégia usada até o momento pela Secretaria de Estado de Educação é fazer a “chamada aula programada” e, por assim ser, serão contadas como aulas dadas. Mas na prática, fica difícil de executar a proposta pedagógica neste formato. Até o momento, todos os Municípios acompanharam a decisão do estado, conforme acordado entre UNDIME e a própria ASSOMASSUL, em alinhamento com a rede estadual.

Portanto, do ponto de vista do Calendário Escolar, as aulas serão contabilizadas como “aulas dadas”.

O passo seguinte: Antecipação das férias do meio do ano (03 a 19 de maio). Concluído esses quinze dias, ainda não se sabe qual será a decisão dos Gestores, quanto ao futuro do Ano Letivo de 2020. O que se sabe é que a OMS já mandou avisar que se não surgir uma vacina, será impossível conter o COVID – 19 e a sociedade terá que conviver com ele.

A despeito do imbróglio que envolve o ano letivo, vale lembrar que o Brasil aparece em classificação nada confortável no ranking mundial. O Brasil aparece na parte de baixo da tabela na pontuação de qualidade do ensino, (quase caindo para a segunda divisão).

Nesse cenário cinzento, há de se destacar que no atual Governo, um dos Ministérios de maior inércia é justamente o Ministério da Educação. Abraham Weintraud já é o terceiro em pouco mais de um ano. Ainda assim, não mostrou até o momento, nenhuma política educacional significativa, que pudesse despertar alguma esperança na melhoria do Ensino Brasileiro. Por exemplo, sequer consegue colocar em prática a Base Curricular. Não consegue dar um rumo a reforma do Ensino Médio. Não consegue fiscalizar os precários Cursos Superiores espalhadas pelo País. No caso dos Cursos de Formação de Professores, o que se vê são Cursos excessivamente teóricos e distantes da realidade que os docentes enfrentam em sala de aula. A grande maioria das faculdades, sequer disponibiliza um coordenador de estágio supervisionado aos alunos.

Conversei com vários pais de alunos em idade de alfabetização. Alguns tentam dar sequência ao trabalho dos professores, que por sua vez tem disponibilizado atividades aos alunos. O problema é que, grande parte dos pais não conseguem dominar com habilidade a função de alfabetizador, que, diga-se de passagem, é bastante difícil.

Resumindo, esse maldito COVID – 19, vai deixar um rastro sinistro de vítimas. São pessoas perdendo a vida, alunos que não aprendem, economia em recessão, brigas políticas, enfim, um massacre de proporções gigantescas em detrimento do desenvolvimento do País.

Enquanto os ventos não mudam de lado, recomento aos alunos três coisas, leitura, leitura e leitura.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

[email protected]