Publicado em 19/07/2020 às 11:23, Atualizado em 19/07/2020 às 15:26

“Críticas do ministro Gilmar respinga na farda dos militares”, por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon,
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Foto: Divulgação

Frase do Ministro do STF Gilmar Mendes: “O Exército está se associando a um genocídio na epidemia do novocoronavírus, ao conduzir mal o Ministério da Saúde”.

A crítica do Ministro Gilmar respingou na farda dos Militares, que por óbvio não gostaram. O Vice-Presidente da República, General Mourão, chegou a dizer que Gilmar deve um pedido de desculpa.

Por outro lado, o Presidente Bolsonaro orientou o Ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello a ligar para Gilmar e abrir um diálogo. Esse comportamento do Presidente dá a entender que Gilmar não está tão errado no que disse.

O próprio Presidente falou com o Ministro por telefone, mesmo porque ele não quer transformar esse assunto em um cavalo de batalha. Na conversa, conforme foi divulgado, Gilmar alertou o Presidente sobre o risco da gestão da pandemia do coronavírus ir parar no Tribunal Penal Internacional de Haia (Holanda).

Gilmar refutou o “recrutamento” de militares para conduzir a Saúde. “Não são qualificados para formular políticas públicas em saúde e muito menos conseguem executar” – outra frase de Gilmar que atingiu os Militares.

Diante da polêmica, as opiniões se dividem sobre as manifestações do Ministro.

Como cidadão, ele tem todo direito de dar sua opinião, mas o peso do cargo que exerce, faz com que sua opinião tenha grandes repercussões. Ele, como se sabe, diferentemente de outros Ministros do Supremo, não tem comportamento comedido. Dá entrevistas constantemente e emite opiniões sobre o comportamento do Governo, deixando parecer interferência de Poderes.

Por outro lado, nesse caso específico, até mesmo o Presidente parece ter reconhecido e aceitado as críticas do Ministro.

Analistas, no entanto, se dividem, muitos entendem que Gilmar não deveria se envolver em assuntos do Governo, mas também tem os que concordaram com ele, diante de tantos militares no Ministério da Saúde, não pelo fato de ser Militar, mas sobretudo pelo fato da má condução da crise pandêmica e a falta de planejamento para conduzir os inúmeros problemas da saúde pública no Brasil.

O Governo está tratando o assunto com relativo cuidado. A razão, é que o termo “genocídio” incomoda o Itamaraty, mesmo porque, a frase “Projeto genocida do Estado Brasileiro”, é, não raro, usado por ativistas dos Direitos Humanos, ao se referirem ao sistema prisional e as políticas indigenistas. Por fim, o termo genocida está igualmente sendo direcionado para o Ministério da Saúde. Sendo assim, o Governo tem tratado com cuidado do assunto, para que as coisas não sejam estigmatizadas ao Presidente.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista.

elizeumuchon@hotmail.com