Publicado em 20/01/2020 às 15:27, Atualizado em 20/01/2020 às 19:30

“Dilma celebra documentário”, por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon ,
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Elizeu Gonçalves Muchon - Foto: Divulgação

Meio que atenuando seu próprio suplício, Dilma Rousseff, ex-Presidenta da República, comemora o Filme “Vertigem da Democracia”, um Documentário da Cineasta Ana Petra Costa, indicado ao “Oscar”.

Segundo críticos do cinema, Petra Costa é uma profissional competente. Mas o Documentário que conta a história do Impeachment de Dilma é cercado por polêmicas é tendencioso e contestado por uma multidão de pessoas.

A Cineasta já foi militante do PT. É herdeira do grupo Andrade Gutierrez, metido até o pescoço em contratos fraudulentos que geraram a cassação de Dilma, botou Lula na cadeia e sequer foi citado no documentário, enquanto outras empreiteiras chafurdadas nos escândalos foram citadas com exaustão.

Se a verdade de alguém tem lado, acaba virando meia verdade, nesse caso, o perigo é a pessoa contar exatamente a metade que é mentira. Um documentário deveria tratar com fidelidade documental os dois lados.

A própria autora afirma que vem preparando esse trabalho há mais de três anos. Deveras é verdade, pois em 2016, quando Dilma sabia que sua cabeça ia rolar, usou a Tribuna do Senado Federal em sua autodefesa, e lá estava as lentes da cineasta Petra Costa filmando, para a qual Dilma, mesmo na tensão circunstancial, fez posse e direcionou o olhar. (As imagens aparecem no filme). Já estava combinado que o Documentário seria feito, não exatamente como um documentário, mas como um “registro” de Assessoria de Imprensa de uma certa autoridade, destinada a focar no que lhe interessa.

Quando Dilma foi Presidenta, a crise era sempre culpa “dos outros”. Ela todavia, nunca incluiu Lula entre “os outros”. Fato é que entre 2013 e 2016 a economia encolheu 6,8%. Mas o documentário não cita a derrocado do Governo, não entre em detalhes do mar de corrupção que permeava o Governo, apenas cita algumas empreiteiras, com exceção, evidentemente do grupo que ela é herdeira.

Outro detalhe, aquele que se refere a dosimetria da pena de Dilma, que aliás foi uma manobra do Senado para não cassar os direitos políticos da Presidente, não foi citado. Um Presidente cassado perde os direitos políticos por 8 anos. No caso Dilma, o processo foi separado e ela escapou desta pena.

É nesse diapasão que o Filme foi feito e indicado ao “Oscar”. Dilma, que ganhou a alcunha pejorativa de ensacar vento, atuou como coadjuvante de Lula, mas finalmente assume o papel principal e de quebra vai concorrer ao Oscar.

O cinema brasileiro que via de regra, só filma tiroteio em favelas, sexo explícito e piadas com Jesus Cristo, desta vez mostra ao mundo as meias verdades dos porões do Poder.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

elizeumuchon@hotmail.com