Publicado em 02/12/2020 às 07:50, Atualizado em 02/12/2020 às 20:04

Entenda porque há uma guerra da vacina entre Bolsonaro e Dória

Disputa extrapola o campo da saúde e é usada como ferramenta para fortalecimento de discursos

Redação Nova News,
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Imagem: Governo da China

A pandemia do novo coronavírus já vitimou mais de 163 mil pessoas apenas no Brasil. O número de casos já ultrapassou a casa dos 5 milhões. A situação extremamente grave para quase todos os países do mundo faz com que governos, laboratórios e pesquisadores tenham como prioridade a criação de uma vacina para garantir alguma segurança a população.

Atualmente, existem algumas empresas e laboratórios na dianteira do processo. Pesquisadores chineses desenvolveram a Coronavac, que está sendo testada em algumas partes do mundo, como no Brasil. Existe ainda o imunizante produzido em Oxford, na Inglaterra, que também está em fase de testes Há também a vacina da Pfizer também em fase de testes, mas que pode ser distribuída antes do natal em países como Estados Unidos e no Reino Unido.

De todo modo, a procura por um imunizante que seja eficaz, seguro e que tenha rápida distribuição entre os países têm monopolizado as atenções de governantes. No Brasil, entretanto, a feitura e eficácia da vacina é motivo para uma disputa política que envolve o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Atualmente, o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, trabalha para que a Coronavac possa imunizar a população brasileira. O medicamento é produzido com fórmulas do laboratório Sinovac, uma empresa chinesa que tem ajudado diversos países na constituição de uma vacina.

Bolsonaro, por sua vez, alimenta especulações sobre o papel dos chineses para conter a pandemia. O presidente já afirmou que o vírus era uma forma da China aumentar o seu poder no mundo, com atitude semelhante a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Além disso, Bolsonaro acredita que a vacina, produzida em São Paulo, pode ser um ativo eleitoral importante para Doria nas eleições presidenciais de 2022. Doria ainda não confirmou candidatura, mas se o fizer, pode usar a vacina como forma de crescer nacionalmente.

Nesse cenário, os testes da Coronavac feitos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foram interrompidos pela entidade. Diretores da autarquia foram questionados sobre a decisão. Críticos afirmaram que a Anvisa precisa manter a independência de atuação, mesmo com o posicionamento contrário do atual presidente.

Após a polêmica, a Anvisa decidiu retomar os testes com o Coronavac. Caso a vacina seja aprovada, o Instituto Butantan deve receber 60 milhões de doses, além de ter autonomia para produzir mais doses em sua fábrica, que está em construção, após transferência de tecnologia.

De acordo com o governo de São Paulo, “quando os testes forem finalizados serão submetidos para aprovação e registro da Anvisa. Somente após essas aprovações, as doses serão disponibilizadas para a aplicação”, afirmou em comunicado oficial recentemente.