Publicado em 18/03/2021 às 08:35, Atualizado em 18/03/2021 às 12:38

“Estão culpando as árvores pelo incêndio na floresta”, por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon ,
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Imagem: Divulgação

Tenho notado que as pessoas estão diferentes neste longo período de pandemia.

E não poderia ser de outro jeito, afinal, nossa geração nunca havia experimentado o gosto amargo de uma pandemia.

Tenho conversado com amigos que choram a dor de perder um parente para o vírus chinês. Tenho conversado com outros que não aguantam mais ficar isolado, esperando lá-não-sei-o-quê. Outros já não tem o sorriso habitual. Muitos perderam o emprego... “Todos querem a vacina.”

Outro dia desses, um velho amigo arrancou do peito seu bom humor adormecido e disse: “Esse vírus mata mais que estricnina e peixeira de baiano”. Depois, deu um sorriso amarela e completou – é uma máquina de matar que tem espalhado o terror e a melancolia pelo Brasil”.

Tenho, de veras, notado uma espécie de metamorfose. Com raras exceções as pessoas estão mais desconfiadas e até incrédulas. A sociedade está dividida. Tem os que negam a periculosidade do vírus. Trocam as regras sanitárias por debates ideológicos. Assim como tem os que acreditam na ciência e nos protocolos.

Em meio a essa terrível situação, outras coisas vêm acontecendo, tanto é que alguém, em um papo, dia desses, me disse algo que não estava relacionado com a Covid – 19, mas segundo ele, de gravidade comparável. “Estão culpando as árvores pelo incêndio na floresta”. Ele se referia ao fim da Lava Jato. O Juiz passou a ser o bandido e os bandidos heróis inocentes.

São tempos difíceis e é necessário prevalecer o otimismo e o bom senso à espera do melhor.

Nesse cenário cada um é cada um e me fez lembrar “Willian Sanches”. – “Por mais que a abelha explique à mosca que a flor é melhor que o lixo, a mosca não entenderá, porque cada um vive na sua realidade.”

Mas, vamos lá, esse é outro assunto. De volta aos tempos pandêmicos, o Presidente da República faz saber que temos um novo Ministro da Saúde. A fumaça branca saiu das chaminés do Alvorada e o mandatário anunciou seu quarto Ministro da Saúde. Dizem ser um ótimo cirurgião. Porém, é bom lembrar que lá ele não vai fazer cirurgias. O Ministro da Saúde tem que ser gestor de um sistema tripartite. O SUS é um sistema complexo que deve e tem que compartilhar com os Estados e Municípios suas decisões e seu funcionamento. Não é tarefa fácil. Ser um bom médico não basta. José Serra não é médico e foi o melhor Ministro da Saúde das últimas décadas. Vamos esperar, é só o que temos feito nos últimos tempos. Esperar e torcer que dê certo. Por outro lado, o novo Ministro Marcelo Queiroga já avisou que a pasta vai executar a política definida pelo Governo Bolsonaro e pronto.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

elizeumuchon@hotmail.com