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“Não somos nulos”, por Cauê Fellipe

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Cauê Fellipe Inácio - Foto: Arquivo Pessoal

Por muito tempo me perguntei: "QUEM EU SOU?", mas não sabia a resposta.

Imagine viver anos sem saber quem você é, sem entender por que se sentia mal do nada, se sentia errado, mesmo estando "certo".

Imagine viver anos uma vida que não é sua e ter que viver a vida de um personagem que te obrigam a ser desde criança.

Imagine olhar no espelho e não se ver. Olhar horas para aquela imagem e sentir que você é uma mentira, uma peça nula ou uma carta fora do baralho.

É assim que muitos trans se sentem, NULOS.

Nós trans não procuramos a solidão, somos jogados para ela, pois lá ninguém pode nos julgar, sabe por que? Por que não há mais ninguém no lugar, só nós mesmos.

A vida não é fácil para ninguém, mas para nós é MUITO mais difícil, por que junto a um corpo, que não nos pertence, vem o preconceito, a disforia, o medo, a solidão, a exclusão.

Claro que não é sempre assim, mas em 90% dos casos é! A rejeição já começa na infância, quando a criança demonstra algo atípico para o sexo biológico. Piora quando na adolescência, pois a atitudes são maiores e mais intensas. Mas tudo tende a decair quando aquela pessoa, aquele SER HUMANO, diz que não se vê como sempre lhe impuseram.

A luta trans não é apenas mostrar que podemos ou somos homens ou mulheres, mas que todos somos pessoas e podemos ser quem quisermos ser.

Cauê Fellipe Inácio Santos, 24 anos morador de Taquarussu

Estudante do Curso de Agronomia do IFMS (Instituto Federal do Mato Grosso do Sul)

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