Publicado em 28/09/2021 às 06:12, Atualizado em 28/09/2021 às 17:18

Tendências na incorporação de microalgas em produtos alimentícios com potenciais benefícios para a saúde

Redação Nova News,
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Imagem: Pixabay

O mercado de microalgas deve registrar um forte crescimento entre 2021 a 2028. A Data Bridge Market Research analisa que o segmento está crescendo com um CAGR de 6,9% e deve atingir US $ 61,9 milhões até 2028.

O aumento da conscientização entre os consumidores sobre os benefícios para a saúde dos produtos à base de microalgas e a alta demanda de proteínas derivadas de plantas são os principais motores que impulsionarão a demanda do mercado neste período de previsão.

Além disso, este superalimento promete atrair o interesse generalizado de grupos inteiros de consumidores: veganos, vegetarianos, consumidores “verdes”, leitores de rótulos e aqueles que se preocupam com a ecologia e o meio ambiente.

Abastecimento alimentar e nutrição humana

As microalgas têm demonstrado grande potencial de atender às necessidades da população por um abastecimento alimentar mais sustentável, especificamente no que diz respeito ao consumo de proteínas.

A quantidade de alimentos produzidos atualmente deve dobrar para atender às necessidades da população mundial de cerca de 9,8 bilhões de pessoas, esperada até 2050. Embora as microalgas como fonte de proteína em massa seja uma ideia bastante nova, elas podem contribuir significativamente para atender à essa demanda, com várias vantagens em relação a outras fontes utilizadas atualmente, principalmente por terem baixos requisitos de terra e consumo mínimo de água doce em comparação às proteínas de origem animal.

Embora o número de espécies de microalgas na natureza seja estimado entre 200.000 e 800.000, apenas algumas são usadas em aplicações alimentares. E no que diz respeito à qualidade, chlorella e spirulina, por exemplo, são microalgas que acumulam proteínas de alta qualidade, tendo ambas as espécies perfis que podem fornecer nutrientes essenciais às exigências humanas.

Além das proteínas, as microalgas são fonte de diversos compostos valiosos com benefícios à saúde, como carboidratos, ácidos graxos ômega 3, minerais essenciais e vitaminas que podem aumentar o valor nutricional dos produtos alimentícios ao serem incorporados.

Propriedades antioxidantes, anti-hipertensivas e imunomoduladoras também têm sido atribuídas aos compostos presentes nas microalgas. Vale destacar que dentre os diferentes tipos de compostos derivados de microalgas, aqueles com propriedades antioxidantes estão entre os mais interessantes para aplicações na indústria de alimentos e suplementos.

Utilização de microalgas em produtos alimentícios

Nos últimos anos, a possibilidade de usar derivados de microalgas em produtos alimentícios funcionais inovadores tem se tornado de grande interesse da indústria. As microalgas já podem ser encontradas agregando componentes nutricionais em uma gama de alimentos, com finalidades diferentes. Estes produtos geralmente usam as microalgas em forma de gel e pó solúvel em água.

A combinação de produtos lácteos com algumas espécies de microalgas estimula o crescimento de bactérias probióticas em iogurtes e leite fermentado, aumentando a viabilidade dos probióticos. A Chlorella, por exemplo, foi incorporada com sucesso aos iogurtes e queijos.

Cookies e biscoitos são categorias relevantes para usar ingredientes à base de microalgas. As razões incluem boa aceitação do sabor, versatilidade, consumo conveniente devido à sua facilidade de conservação e transporte, textura e aparência. Novamente tendo a chlorella como exemplo, a microalga foi incorporada aos biscoitos como um agente corante, como um antioxidante potencial e também como suplemento nutricional.

Assim como os biscoitos, as microalgas são incorporadas aos pães para melhorar as propriedades nutricionais, há vários anos. Relatórios recentes também mencionam a utilização de microalgas no pão sem glúten, bem como em alguns snacks.

O macarrão é outro produto amplamente aceito com a adição de microalgas, embora algumas possam mudar a cor e o sabor do alimento. A vantagem é que, hoje em dia, diferentes tipos de massas estão disponíveis no mercado em diversas cores, então a percepção do consumidor não é afetada pela mudança de cor; no entanto, um leve sabor de peixe talvez possa ser percebido em certos produtos com microalgas.

Mas já existem chocolates, barras energéticas, shakes, bebidas, entre outros produtos, que estão começando a ser aceitos pelos consumidores. Vale citar que, atualmente, observa-se o uso amplo das microalgas pela indústria global de suplementos vitamínicos, alimentos e bebidas funcionais, com grande sucesso entre os consumidores.

Novos projetos que incorporam microalgas como ingredientes alimentares devem expandir o mercado – incluindo molhos para saladas, cereais, análogos de queijo, biscoitos, coberturas, iogurtes e muito mais. A Bunge, em parceria com a marca AlgaVia, por exemplo, já tem no mercado a AlgaeButter (manteiga de alga), uma solução vegana sem palma e não hidrogenada para aplicações em panificação e confeitaria.

Os formuladores e marcas podem investir em algas e derivados de algas e ter à sua disposição um ingrediente com benefícios de saúde e bem-estar extensos e ainda não mapeados, bem como extrema versatilidade para melhorar alimentos, bebidas e suplementos.

Entre todas estas características que tornam as algas um alimento plant-based de alto interesse para o futuro está sua capacidade de ser produzida de forma sustentável – com baixo consumo de energia, não utilização de produtos químicos e agrotóxicos, e redução do impacto ambiental causado por meio das emissões de dióxido de carbono.