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Artigo: A importância da Igreja Católica para a Civilização Ocidental: uma instituição necessária!, por Acácio Gomes

A contribuição da igreja, inclusive no âmbito científico

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Acácio Gomes - Imagem: Arquivo Pessoal

Se perguntarmos a um estudante universitário o que sabe da contribuição da Igreja Católica para a sociedade, a sua resposta talvez se resuma a uma palavra: "opressão", por exemplo, ou "obscurantismo". No entanto, essa palavra deveria ser "civilização".

Thomas Woods, doutorado pela Universidade de Columbia, mostra no livro “COMO A IGREJA CATÓLICA CONSTRUIU A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL” como toda a Civilização Ocidental nasceu e se desenvolveu apoiada nos valores e ensinamentos da Igreja Católica.

Em concreto explica, entre muitas outras coisas: o motivo pelo qual o “milagre” da ciência moderna e de uma filosofia que levou a razão à sua plenitude só puderam nascer sobre o solo da mentalidade católica; como a Igreja criou uma instituição que mudou o mundo: a Universidade; como ela nos deu uma arquitetura e umas artes plásticas de beleza incomparável; como os filósofos escolásticos desenvolveram os conceitos básicos da economia moderna, que trouxe para o Ocidente uma riqueza sem precedentes; como o nosso Direito, garantia da liberdade e da Justiça, nasceu em ampla medida do Direito canônico; como a Igreja criou praticamente todas as instituições de assistência que conhecemos, dos hospitais à previdência; e como humanizou a vida, ao insistir durante séculos nos direitos universais do ser humano – tanto dos cristãos como dos pagãos – e na sacralidade de cada pessoa.

Num momento em que se propaga uma imagem da Igreja como inimiga dos progressos da ciência e da técnica, e da liberdade do pensamento, este é um livro que desfaz preconceitos, corrige clichês e ensina inúmeras verdades teimosamente omitidas no ensino colegial e universitário.

A Igreja sempre foi a favor do conhecimento, tanto é que, entre as universidades criadas e licenciadas pelo catolicismo, por exemplo, estão Bolonha, em 1158; Paris, em 1200; Cambridge, em 1209; Pádua, em 1222; Nápoles, em 1224; Toulouse, em 1229, dentre outras.

A universidade de Oxford, na Inglaterra, surgiu de uma escola monacal organizada como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa Inocêncio IV (1243-1254) em 1254.

O documento mais antigo que contém a palavra “Universitas” (Universidade) utilizada para um centro de estudos é uma carta do Papa Inocêncio III ao “Estúdio Geral de Paris”.

Até hoje, as universidades católicas exercem importante papel na formação de milhares de universitários, sejam elas pontifícias, diocesanas, franciscanas, salesianas, jesuíticas, entre outras categorias.

Vale destacar que muitos clérigos da Igreja Católica ao longo da história fizeram contribuições significativas para a ciência. Dentre esses clérigos-cientistas estão nomes ilustres tais como:

Nicolau Copérnico (astrônomo e matemático polonês que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista e médico).

Gregor Mendel (biólogo, botânico, frade agostiniano da Igreja Católica e meteorologista austríaco. Em 1865, formula e apresenta em dois encontros da Sociedade de História Natural de Brno as leis da hereditariedade, hoje chamadas Leis de Mendel, que regem a transmissão dos caracteres hereditários).

Roger Bacon (Padre e filósofo inglês que deu bastante ênfase ao empirismo e ao uso da matemática no estudo da natureza. Estudou nas universidades de Oxford e Paris. Contribuiu em áreas importantes como a Mecânica, a Filosofia, a Geografia e principalmente a Óptica).

Pierre Gassendi (filósofo, padre católico, astrônomo e matemático francês. Enquanto ocupava um cargo religioso no sudeste da França, ele também passou muito tempo em Paris, onde era líder de um grupo de intelectuais de pensamento livre. Ele também foi um cientista observacional ativo, publicando os primeiros dados sobre o trânsito de Mercúrio em 1631. A cratera lunar Gassendi leva o seu nome).

Marin Mersenne (padre, teólogo, matemático, teórico musical e filósofo francês. Ficou conhecido sobretudo pelo seu estudo dos chamados primos de Mersenne. O asteróide 8191 Mersenne foi batizado em sua honra).

Francesco Maria Grimaldi (padre Jesuíta, físico e matemático italiano. Realizou diversos experimentos para entender a luz. Descobriu e descreveu o fenômeno que deu o nome de difração. Além disto, observou a presença de manchas luminosas nas sombras de objetos opacos. Sua obra ajudou a torna mais evidente a natureza ondulatória da luz. Entre 1640 e 1650, trabalhando com o também padre Giovanni Battista Riccioli, ele investigou a livre queda de objetos, confirmando que a distância da queda era proporcional ao quadrado do tempo gasto. Grimaldi e Riccioli também fizeram um cálculo da constante gravitacional registrando as oscilações de um pêndulo preciso. Em astronomia, ele construiu e usou instrumentos para medir montanhas lunares, bem como a altura das nuvens, e desenhou um mapa preciso ou selenógrafo, publicado por Riccioli e agora adorna a entrada do Museu National Air and Space, em Washington DC).

Nicole Oresme (economista, filósofo, matemático, físico, astrônomo, biólogo, psicólogo, musicólogo, teólogo e tradutor francês do período medieval, tendo sido Bispo de Lisieux e conselheiro do rei Carlos V de França. Foi um dos pensadores mais originais da Europa do século XIV, sendo considerado um dos principais fundadores e divulgadores das ciências modernas);

Entre outros como Jean Buridan, Robert Grosseteste, Christopher Clavius, Nicolas Steno, Athanasius Kircher, Giovanni Battista Riccioli, William de Ockham, e muitos mais.

No caso particular da ciência que se desenvolveu no mundo medieval, há de se acentuar a óbvia influência que o cristianismo exerceu sobre ela. A concepção aristotélica de cosmos, por exemplo, não foi plenamente absorvida pelos doutores medievais, haja vista que, para o filósofo grego, o mundo era eterno em si mesmo, mas, para o cristianismo, o mundo foi criado por Deus, do nada, ex nihilo, sendo assim temporal, e não eterno.

Essa compreensão cristã da ordem do mundo foi decisiva para as bases do conhecimento científico que se desenvolveu na modernidade. Um caso de “precursor” das teses sobre o movimento e a inércia dos corpos físicos foi Jean Buridan (1295-1358), um sacerdote e professor da Sorbonne no século XIV.

A Igreja jamais foi contra o pensamento racional, como escreveu o papa São João Paulo II: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. A Igreja não é alheia, nem pode sê-lo, a este caminho de pesquisa”.

Neste sentido, o Catecismo da Igreja Católica diz sobre fé e ciência: "Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé dotou o espírito humano da luz da razão. Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica, segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé.

O que a Igreja Católica não aceita e não aceitará jamais é o uso da ciência em situações contrárias à vida, como o aborto, a eutanásia, as fertilizações artificiais que implicam no descarte de embriões humanos e outras práticas que ferem a moral cristã e a dignidade da natureza humana.

Mas, além do campo científico / educacional, de uma forma mais ampla, quando o Império Romano, considerado como “o dono do mundo” na época, caiu em 476 sob o domínio de povos bárbaros, a Igreja Católica foi a única instituição que permaneceu de pé e que através de seu trabalho, conseguiu “salvar” a civilização, fundando hospitais, orfanatos, asilos, escolas, faculdades e desenvolvendo e aprimorando técnicas como agricultura, a criação de animais, as artes, a cultura, a arquitetura, a literatura, a música... uma vez que os bárbaros que dominaram o império eram, em sua natureza, nômades, e não prezavam por estes elementos e valores. Gradativamente convertendo os bárbaros, a Igreja Católica manteve a ordem em meio ao caos.

No campo da fé, o que para os não ateus é de suma importância, a Igreja exerce função primordial, acolhendo 1,34 bilhão de fiéis em todo mundo oferecendo conforto espiritual, orientação, ações de evangelização, catequizando, ensinando e ministrando os sacramentos, sendo necessária para estas pessoas do ponto de vista da salvação das almas.

Na área da assistência social, a Igreja Católica é a instituição que mais faz caridade no mundo, com a manutenção de milhares de asilos, abrigos, orfanatos, hospitais, casas do migrante, centros de recuperação de dependentes químicos, distribuição de alimentos, disponibilização de medicamentos e outras ações similares, tanto no seu trabalho cotidiano quanto em suas missões humanitárias.

Por exemplo, no Brasil, dioceses, paróquias, associações, novas comunidades e institutos formam um verdadeiro exército de caridade. Junto com as 21 Pastorais Sociais estruturadas nacionalmente, as Obras Sociais da Igreja chegam à somatória de 499,9 milhões de atendimentos a cerca de 39,2 milhões de pessoas e aproximadamente 11,8 milhões de famílias, isso apenas em nosso País.

Portanto, resguardadas as devidas opiniões pessoais sobre a fé, existência ou não de Deus e outros aspectos íntimos que competem à consciência de cada indivíduo com relação às suas crenças e descrenças, vantagens e desvantagens em crer ou não crer – o que pode ser tratado em outro artigo e cujo debate é válido -, o fato é que colocar a Igreja Católica como sendo contrária à ciência, ao pensamento racional e à formação intelectual ou mesmo afirmar que ela, enquanto instituição religiosa não contribuiu de forma alguma para a nossa civilização tal qual a conhecemos hoje - vertentes essas defendidas pelo ateísmo e pelo agnosticismo - não me parece nada razoável, aliás, é um “crime histórico”, pois, ao longo de seus quase dois mil anos, a Igreja Católica tem se mostrado necessária para a humanidade, não apenas no campo espiritual, mas em diversos outros aspectos.

Para quem se interessa pelo tema, sugiro o livro “COMO A IGREJA CATÓLICA CONSTRUIU A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL”, de Thomas Woods, e “UMA HISTÓRIA QUE NÃO É CONTADA”, do professor Felipe Aquino. Outro ponto da idade média que é cercado de mitos é a inquisição, que pode melhor compreendida na aula “A INQUISIÇÃO EM SEU CONTEXTO”, com o padre Paulo Ricardo - disponível aqui -. Nesta aula em vídeo, ele responde questões como: Por que era necessário criar um tribunal para julgar "crimes contra a fé"? O que estava acontecendo na Europa que demandava a intervenção direta dos bispos e religiosos da Igreja?, entre outras.

(*Acácio Gomes, cristão, católico leigo, jornalista e radialista, com informações e trechos das fontes: livro “COMO A IGREJA CATÓLICA CONSTRUIU A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL”, de Thomas Woods / Wikipedia / Mundo Educação / Portal Cléofas / Professor Felipe Aquino / Carta Encíclica Fides et Ratio / Catecismo da Igreja Católica / CNBB). 

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