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“Eu vejo o futuro repetir o passado”, por Maiko Lopes

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Imagem: Arquivo / Pessoal

O Natal de 2001 foi um acontecimento que ficou marcado em minha memória para sempre, eu comi maionese e tomei coca cola (acredite se quiser) no mesmo dia. Eram tempos em que o Brasil ainda vivai a euforia do Plano Real e da economia equiparada ao dólar, tempos do governo FHC, que teria feito essa manobra política e econômica na tentava de fazer o seu sucessor, não deu certo, pois o povo já sabia que a inflação viria forte e teria que eleger um governo com capacidade de cuidar de todos, Lula ganhou no ano seguinte, 2002.

Me lembro como se fosse hoje no auge dos meus 7 anos de idade, fomos eu e meu saudoso pai passar o Natal na casa de uma prima. Lá chegando me deparei com uma churrasqueira repleta de carne, peixe, maionese e coca cola, fiquei abismado isso não fazia parte da minha realidade.

O tempo passou e eu sofri calado, me desculpem sempre que lembro da minha infância me vem à mente Gean e Geovane.

Voltando ao Brasil de 2001, meu Brasil de 2001, era um Brasil de miséria, desemprego e morte, muito parecido com o Brasil de 2021 "esse outsider da política brasileira". Não se tinha muita perspectiva em um país cuja a taxa de mortalidade infantil era de 27% até 48%. Taxa essa que chegou a ser zerada em um certo momento (mas quem liga pra vida de crianças não é mesmo?)

Os avanços obtidos pelo povo brasileiro, no período de 2003 a 2015, são indiscutíveis, 20 milhões de novos empregos; aumento da renda das famílias; aumento do salário mínimo de 76% acima da inflação; grandes programas sociais como o Bolsa Família; 33 milhões de brasileiros saíram da pobreza; inflação controlada de 6,28%, em média, ao ano; expansão forte do crédito; educação da “creche à universidade”; novos programas de saúde: farmácia popular, Mais Médicos, Samu; 7 milhões de moradias financiadas; descoberta e regulamentação do pré-sal; US$ 382 bilhões de reservas em dólares. Algum dia depois do Natal meu pai chegou em casa para o almoço e trouxe um refrigerante coca cola, eu perguntei: O que está acontecendo? Meu pai me respondeu tranquilamente que nada, eu insisti e questionei o fato dele ter trazido a coca cola e perguntei: hoje é Natal de novo?

Na minha cabeça de criança pobre, não fazia sentido beber coca cola e comer churrasco  fora do natal, isso era muito caro, era para ocasiões especiais.

Com a chegada do presidente Lula em 2003 minha família passou a ter "natal" todo mês, e com o passar do tempo passou a ter Natal toda semana. Passados os tempos de economia forte e pleno emprego, infelizmente hoje em dia estamos muito mais próximos de 2001, como diz o Cazuza, eu vejo o futuro repetir o passado eu vejo um museu de grandes novidades.

Hoje minha mãe trouxe uma coca cola pro almoço e eu perguntei a ela se já é Natal?

*Maiko Lopes académico do curso de Direito da finan e membro do grupo de estudos de direitos humanos (GEDHU)

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