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Presidente do Simted de Batayporã fala sobre a importância da educação socioambiental nas escolas públicas

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Autor do texto é o professor Edson Zopi, presidente do Simted em Batayporã - Imagem: Acácio Gomes

Nas últimas décadas, as intensas mudanças tecnológicas e o crescimento industrial permitiram ao homem um progresso jamais visto, e com ele vieram danos inerentes a essa nova tecnologia.

O acelerado desenvolvimento tecnológico e o grande crescimento populacional elevaram os índices de consumo dos recursos naturais, aumentou-se a emissão de poluentes e a grande concentração demográfica nas grandes cidades fez emergir problemas graves, como crescimento habitacional em locais de risco, poluição de rios e alijamento de grande quantidade de lixo em locais inapropriados.

O agravamento e a intensificação dos danos e desastres ambientais tem provocado nos estudiosos a preocupação em se tratar cada vez mais do assunto na sociedade e a descobrir novas formas e práticas eficazes para a mitigação e diminuição dos danos causados ao meio ambiente.

A educação ambiental veio à tona a partir da década de 60, quando surgiu a necessidade de se conversar sobre os riscos ambientais provocados pela relação homem/natureza, e apesar de estes serem antigos, hoje, estão agravados pela desarmonia entre eles.

A educação ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre o meio ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos seus recursos. É um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que os tornam capazes de agir individualmente ou coletivamente na busca de soluções para os problemas ambientais presentes e futuros.

A grande preocupação com o meio ambiente fez nascer à importância da Educação Ambiental, visto que o próprio ser humano destrói o meio em que vive e dessa forma, deve desde cedo aprender a cuidar e a preservar a natureza, visando a um equilíbrio entre a sociedade e ao uso racional dos recursos naturais, ou seja, ele é o próprio agente transformador e pode contribuir para a conservação ambiental, a partir de uma nova visão educadora sobre o meio ambiente.

A Educação Ambiental surgiu como uma proposta educativa para dialogar com os saberes e as teorias, visando estabelecer a harmonia entre o homem e a natureza, atingindo toda a sociedade em um processo permanente, procurando desenvolver no educando a consciência sobre os problemas ambientais, fazendo-o pensar de forma individual e coletiva.

As questões ambientais estão cada vez mais presentes no cotidiano da sociedade, contudo, a educação ambiental é essencial em todos os níveis dos processos educativos e em especial nos anos iniciais da escolarização, já que é mais fácil conscientizar as crianças sobre as questões ambientais do que os adultos. A cada dia que passa a questão ambiental tem sido considerada como um fato que precisa ser trabalhado com toda a sociedade, principalmente em escolas, pois crianças bem informadas vão ser adultos mais preocupados com o meio ambiente, além do que elas vão ser transmissoras dos conhecimentos que obtiveram na escola sobre as questões ambientais em sua casa, vizinho e família.As instituições de ensino já estão conscientes que precisam trabalhar a problemática ambiental e muitas iniciativas têm sido desenvolvidas em torno desta questão, onde já foi incorporada à temática do meio ambiente nos sistemas de ensino como tema transversal dos currículos escolares, permeando toda prática educacional.

Sabe-se que somente a própria sociedade é capaz de mudar esse quadro instável, e dessa forma, há a necessidade da educação coletiva frente aos danos causados dia a dia, fazendo com que haja a consciência de que é preciso rever hábitos e concepções, além de se buscar alternativas sustentáveis. Tendo como objetivo principal a disseminação acerca do conhecimento sobre o meio ambiente, visando sua preservação, a educação ambiental é um elemento transformador e que auxilia as pessoas a se conscientizarem sobre os problemas ambientais, sendo capazes de agir, prevenir e procurar soluções para mitigação ou erradicação de um determinado problema, refletindo e revendo seus hábitos para levar a uma relação mais harmoniosa e equilibrada.

No ano de 1988, incluiu-se na Constituição Federal um capítulo sobre a importância do meio ambiente, como um bem comum do povo e essencial para a qualidade de vida e saúde da população. Anos mais tarde, em 1997, o Ministério da Educação elaborou uma proposta que tratava o meio ambiente como um tema transversal, através dos PCN’s, entretanto somente em 1999, a lei nº 9795/99 reconheceu a importância da educação ambiental como essencial e permanente em todo o processo educacional.

No ano de 1997, o Ministério da Educação elaborou uma nova proposta curricular denominada Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s, onde o meio ambiente passa a ser um tema transversal nos currículos básicos do ensino fundamental, isto é, de 1ª a 8ª séries.

A proposta é discutir a questão ambiental e formar cidadãos críticos e conscientes, que estejam aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental. A escola deve proporcionar um ambiente coerente e fornecer informações coesas e concretas para o sucesso dos projetos relacionados à área.

Ao ser criado e incluído no currículo das escolas, os educadores devem contribuir para a formação de cidadãos conscientes, desenvolvendo reflexões e debates sobre questões ambientais e desenvolvendo nos alunos a capacidade crítica sobre questões socioambientais, contribuindo para a formação de valores, ensino e aprendizagem. Para tanto, o tema deve ser incluído em situações do dia a dia dos alunos, correlacionando o tema ao meio em que vivem, debatendo e trazendo reflexões que visam a estimular o raciocínio e a visão crítica, para que possam disseminar o aprendizado em casa, na escola e na própria vizinhança, para que mais pessoas conheçam a importância das questões ambientais e sustentabilidade.

É fundamental que todos os educadores, independente da disciplina que ministra, trabalhem com seus alunos e tragam temas da atualidade, desenvolvam o raciocínio dos educandos e apresentem propostas que tragam resultados visíveis, para que eles façam correlação com o que é ensinado e com o que eles vivem, pois a rápida mudança de panorama em se tratando de questões ambientais exige constante atualização.

Para muitos professores trabalhar temas transversais como o meio ambiente no cotidiano escolar é muito difícil, pois as aulas são sempre lotadas, com muitos conteúdos a serem lecionados no ano letivo, o qual deve ser cumprido segundo a grade curricular. Mas, é necessário ministrar aulas que preparem o indivíduo para a vida no meio social, trabalhando o conteúdo de forma mais concreta, deixando uma aprendizagem maior, do que trabalhar apenas os conteúdos de forma rápida para cumprir a grade curricular e não capacitar os educandos para conviver no caos ecológico que se enfrenta cotidianamente.

A escola deverá ser o lugar onde esses alunos irão adquirir os conhecimentos e transmiti-los, contribuindo para formar cidadãos conscientes, preparados e contextualizados. Logo, ela deverá estar preparada para tratar as questões deste cunho levando o tema ambiental às propostas pedagógicas e incluí-la conforme a necessidade dos alunos. É uma questão de responsabilidade coletiva, que parte do individual, da necessidade que uma pessoa sente em melhorar o que está precisando ser melhorado.

Portanto, ao amadurecermos a ideia de que algo está errado e que pode ser melhorado, dá-se ao aluno o instrumento reflexivo e concreto que ele é o agente modificador e transformador do ambiente em que vive, podendo reverter à situação em que se encontra nosso meio ambiente, em desarmonia e clamando por ajuda, nossa ajuda.

Não se deve esquecer, porém, que apesar de todo o cunho pedagógico que cerceia esta questão, principalmente nos dias atuais, outro aspecto deve ser levado em consideração como a formação profissional do docente.

No âmbito da formação profissional, é preciso distinguir a especificidade da formação de professores. É preciso então pensar na instrumentalização do professor na sua construção individual/coletiva de um saber ambiental que seja suficiente para pautar suas ações educativas e socioambientais tanto em direção à transformação das realidades consideradas desfavoráveis à sustentabilidade ambiental e à qualidade de vida e ambiental como um todo, como da valorização das práticas sustentáveis existentes.

Tendo em vista as constantes e rápidas mudanças acerca dos assuntos ambientais, faz-se necessária a constante capacitação do corpo docente das escolas, para a correta sistematização dos conteúdos e práticas, dando luz a ideias relevantes e atuais, visando a se obter sucesso em suas práticas e projetos.

Reconhece-se, entretanto, que muitos profissionais não estão aptos a abordarem tal tema. Não só pela falta de atualização, mas também pelo desestímulo devido a péssimos salários, infraestrutura inadequada aos projetos propostos, ficando somente no campo das intenções. Sabe-se que muitos professores tentam conciliar toda a infraestrutura disponível, tentando adequar os projetos e atividades à realidade da instituição e isto é um ponto positivo para que a transmissão de conhecimento não seja interrompida.

Para se chegar ao sucesso, devem planejar situações cotidianas e promover reflexões sobre problemas que afetem sua vida, questões do dia a dia, de sua vida e de sua comunidade. É preciso estabelecer ligação com a realidade e com o que está sendo falado. As questões ambientais são cercadas de muitas variáveis e problemas que por vezes passam despercebidos, tais como: o desperdício de água, a separação correta do lixo, a importância da reciclagem, eventos corriqueiros que fazemos erroneamente todos os dias e que acarretam em muitos problemas ao meio ambiente, à sociedade e a nossa própria saúde.

O aluno, ao entender que os resíduos sólidos, o lixo, podem ocasionar em contaminação do lençol freático e geram impactos socioambientais por vezes irreversíveis, conseguirá compreender a importância que a redução e reciclagem do lixo trazem para o meio ambiente.

Outro assunto de interessante abordagem pelos docentes aos alunos é explanar o assunto relativo a deslizamentos de terra e habitações em locais de risco.

Devido ao crescimento populacional, muitas pessoas assentam-se em locais impróprios, degradando a natureza, jogando lixo em locais irregulares, desmatando a vegetação, causando erosão, despejando esgoto em encostas ou em rios, e cortando taludes ou encostas, desestabilizando-as e desconfigurando a morfologia natural da paisagem. Todo esse processo é agente causador de intensos desastres que vemos todos os dias, como inundações, deslizamento de terra. Daí a importância em tratar a questão ambiental em aspecto amplo, fazendo links com a teoria e a prática, visando ao entendimento e a consciência crítica que o próprio ser humano que causa danos, pode revertê-los.

É importante saber que cada um pode fazer sua parte e contribuir para um planeta mais harmonioso. “Um local onde todos os indivíduos se preocupem com a limpeza, descartando o lixo no recipiente correto para reutilização do mesmo para o mundo. Um pouco de cada um, virará muito; em se tratando de questões ambientais, contudo deve ser um processo permanente e constante, devendo fazer parte da vida de cada indivíduo.

Portanto, esta deverá ser a contribuição da escola, visando à formação de críticos e pessoas conscientes, que mudarão os rumos que o planeta está tomando e que contribuirão efetivamente para um convívio harmonioso e saudável.

Sugestões para leitura: Agenda-21, Declaração de Princípios sobre as florestas, Carta da Terra, Conferência Eco-92 ou Rio 92.

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