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Apenas 39% dos trabalhadores estão engajados, aponta pesquisa Engaja S/A

Levantamento revela queda histórica no envolvimento profissional e expõe diferenças regionais no mercado de trabalho brasileiro

O nível de engajamento dos trabalhadores brasileiros atingiu o menor patamar desde o início da série histórica do Engaja S/A & Flash. De acordo com a terceira edição do estudo, apenas 39% dos profissionais se declaram engajados em seus empregos, enquanto seis em cada dez demonstram algum grau de desmotivação.

O índice, produzido pela Flash em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), lança luz sobre um cenário preocupante para empresas e para a economia nacional, ao evidenciar não apenas a queda no envolvimento com o trabalho, mas também seus impactos financeiros e sociais.

O que é o Engaja S/A?

Criado como o único índice independente de engajamento corporativo do Brasil, o Engaja S/A combina rigor acadêmico e ampla representatividade estatística. Nesta 3° edição, mais de 5,3 mil trabalhadores de todas as regiões do país foram ouvidos entre junho e agosto de 2025, com amostra estratificada de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

A metodologia avalia seis dimensões centrais, como ambiente de trabalho, significado das atividades, confiança na liderança e práticas de gestão que, juntas, determinam o grau de vínculo do profissional com a organização.

Quais foram os itens que o estudo identificou que justifiquem a diminuição do engajamento?

Os resultados indicam que a redução do engajamento está diretamente associada à perda de propósito, à diminuição da flexibilidade e ao enfraquecimento de práticas consistentes de gestão. Mesmo com a manutenção relativa da satisfação com salários e benefícios, fatores intangíveis, como reconhecimento, autonomia e clima organizacional, apresentaram queda significativa.

Esse desequilíbrio fragiliza o chamado “contrato psicológico” entre empresas e colaboradores, ampliando a distância entre expectativas individuais e a realidade corporativa.

O levantamento também dimensiona o custo do desengajamento para o país. A falta de envolvimento profissional gera perdas estimadas em R$ 77 bilhões por ano, o equivalente a cerca de 0,66% do Produto Interno Bruto. Esse prejuízo decorre principalmente do aumento do turnover e do presenteísmo, quando o funcionário está fisicamente presente, mas com desempenho abaixo do esperado.

O dado reforça que a baixa motivação deixou de ser apenas um problema interno das organizações e passou a representar um entrave econômico relevante.

Estes pontos são os mesmos em todo o território nacional?

A pesquisa também revela diferenças expressivas entre as regiões brasileiras. O Nordeste lidera o ranking nacional de engajamento, com 45% dos trabalhadores envolvidos com suas atividades, seguido pelo Norte, que registra 43%. De acordo com a pesquisa, práticas de liderança mais próximas, maior percepção de reconhecimento e relações de trabalho mais colaborativas ajudam a explicar o desempenho dessas regiões, mesmo em contextos socioeconômicos desafiadores.

Na outra ponta, o Sudeste apresenta o menor índice de engajamento do país, com apenas 36% de profissionais engajados, abaixo da média nacional. A região também concentra um dos maiores percentuais de trabalhadores ativamente desengajados.

O Sul aparece em situação semelhante (37%), evidenciando que indicadores econômicos mais robustos não garantem, necessariamente, maior satisfação no trabalho. Expectativas elevadas e frustrações relacionadas a reconhecimento e impacto das funções exercidas ajudam a explicar o fenômeno.

O Centro-Oeste ocupa posição intermediária, com 38% de engajamento, refletindo um cenário heterogêneo, influenciado tanto por características regionais quanto por modelos de gestão adotados pelas empresas locais.

Os dados da pesquisa Engaja S/A reforçam que o engajamento profissional no Brasil atravessa um momento crítico. A queda histórica no envolvimento dos trabalhadores, somada aos impactos financeiros bilionários e às disparidades regionais, sinaliza a urgência de mudanças estruturais na forma como as organizações gerenciam pessoas.

Mais do que investir em remuneração, o estudo aponta que o fortalecimento de práticas de gestão, o resgate do sentido do trabalho e a atenção à saúde mental serão determinantes para reverter o atual cenário e construir ambientes corporativos mais produtivos e sustentáveis.

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