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Viúvo de Marta Gouveia fala pela primeira vez sobre o caso: “Espero que a justiça seja feita”

Vítima foi assassina em Nova Andradina em janeiro de 2022 e o filho dela é apontado como o autor do crime

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Viúvo de Marta Gouveia desabafou na noite deste domingo (05) em entrevista concedida ao Nova News - Imagem: Arquivo Pessoal

Na noite deste domingo (05), Carlos Roberto dos Santos, de 52 anos, viúvo de Marta Gouveia - que foi assassinada aos 37 anos em Nova Andradina no dia 23/01/2022 quando saiu de casa para pedalar e cujo corpo foi encontrado com sinais de violência jogado à margem de uma das alças do anel viário - concedeu entrevista exclusiva ao Nova News.

Esta é a primeira vez que ele falou com um órgão de imprensa a respeito do caso, sendo que, o autor dos fatos, segundo as investigações das autoridades, seria o filho da vítima, um jovem de 19 anos, fruto de um relacionamento anterior que ela teve, portanto, enteado de Carlos.

“Espero que a justiça seja feita”. Com essas palavras Carlos iniciou a entrevista, afirmando que segue no aguardo de que o acusado, que atualmente, segundo ele, está recolhido no Presídio Harry Amorim Costa, em Dourados, seja julgado em breve e condenado pelo crime a ele imputado.

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Corpo de Marta Gouveia foi encontrado jogado à margem do anel viário de Nova Andradina - Crime chocou toda a região - Imagens: Arquivo / Nova News

Tentando se reerguer

Carlos, ao lado dos dois filhos que teve com Marta, um com 12 e outro que completa três anos nesta segunda-feira (06), ainda tentam se recuperar do que ele qualifica como sendo a pior experiência de suas vidas. “Meu filho de três anos ainda não entende o que aconteceu e certamente não terá nenhuma lembrança da mãe. O de 12 já sofreu muito, as vezes percebo que ele fica muito triste, mas está conseguindo tocar a vida, se dedicar aos estudos. Já com relação a mim, confesso que tem sido muito difícil. Foi um crime muito brutal, algo que fica gravado na minha mente. Uma imagem que surge toda vez que fecho os olhos. Uma cicatriz emocional que me marcará para sempre”, revelou.

Atualmente Carlos e seus dois filhos moram em Dourados. “Não tinha condições de ficar em Nova Andradina, de permanecer na mesma cidade onde tudo ocorreu. Então logo após o desenrolar dos fatos eu e meus dois filhos nos mudamos para Dourados onde tenho familiares, pois aqui nos sentimos mais amparados e temos mais suporte para tentarmos no reerguer. Inicialmente ficamos na residência de parentes e agora estamos apenas nós três em uma casa que conseguimos”, explica.

Ele, que é caminhoneiro, havia se desligado da empresa na qual trabalhava na época do crime. Em Dourados, chegou a atuar por algum tempo como motorista de aplicativo e agora voltou a pegar a estrada após conseguir emprego em uma empresa de transportes. Uma das dificuldades relatadas por ele é com quem deixar o bebê de três anos enquanto ele trabalha e outro filho estuda. 

“Familiares e amigos me ajudam na medida do possível, mas eles também têm seus compromissos. Isso tem sido bastante complicado, mas vamos nos ajeitando por aqui”.

O que ele pensa sobre o acusado?

Questionado sobre o comportamento do seu enteado antes do crime, no dia a dia, Carlos o qualificou como uma pessoa fria. “É verdade que eu ficava muitos dias fora de casa trabalhando, inclusive no dia do crime eu estava puxando uma carga em Santa Catarina, mas quando voltava no intervalo entre uma viagem e outra, percebia ele como uma pessoa fria, que não tinha muito afeto para com a mãe. Ficava muito tempo trancado no quarto, no mundo dele, não se misturava muito com a gente”, afirma Carlos.

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Logo após o crime, jovem preso tinha usado as redes sociais para, supostamente, lamentar a morte da mãe; Ele também chegou a participar de uma pedalada promovida com objetivo de homenagear Marta - Imagem: Reprodução

O Nova News perguntou ao viúvo de Marta Gouveia se em algum momento, na época dos fatos, ele chegou a suspeitar do filho de Marta, sendo que ele revelou que sim. “Eu não tinha certeza, mas suspeitava sim. Logo após o crime eu fui à Delegacia de Polícia para prestar declarações e, quando saí, ele estava do lado de fora, em atitude meio estranha. Aí ele me perguntou se as autoridades haviam mencionado o nome dele, se a polícia estaria suspeitando dele e isso me chamou a atenção”, revelou.

“Ele participou normalmente do velório e do sepultamento da mãe. Depois marcou presença em um ato público, na verdade uma homenagem feita por ciclistas e, uma semana depois, disse que não queria mais ficar na nossa casa, alegando que não estava se sentindo à vontade lá. Então pegou as coisas dele e foi para casa de uma tia. Isso também achei estranho”, pontuou Carlos.

Nas palavras do viúvo de Marta Gouveia, passados mais alguns dias, o jovem disse que iria para Aquidauana, pois teria que se apresentar lá para o serviço militar. “Arrumei o dinheiro para que ele fosse e depois veio a bomba, quando as investigações apontaram na direção dele e ele acabou preso lá mesmo naquela cidade”, explica.

Conclusão do inquérito

Em 05/03/2022, a Polícia Civil do Estado do Mato Grosso do Sul concluiu o inquérito que investigava a morte da vítima, sendo que, os trabalhos, de fato, apontaram o filho de Marta como sendo o autor do crime.

Segundo nota encaminhada à redação do Nova News naquela época, após diversas técnicas de investigação e de inteligência, o procedimento criminal apresentou indícios suficientes de autoria e prova da materialidade da prática do crime de feminicídio.

Não entende qual seria a motivação

Nas palavras de Carlos, o que ele não consegue entender é qual teria sido a motivação. “O processo corre em sigilo e nem mesmo eu tenho acesso a todas as informações. Morando em Dourados também fica mais difícil de procurar as autoridades de Nova Andradina para obter as informações. Após a prisão do acusado não tive contato com ele. Queria saber da motivação. O que poderia levar um filho a assassinar a própria mãe de forma tão cruel?”, questiona.

Esperança por justiça

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Carlos espera que a justiça seja feita com relação ao assassinato de sua esposa - Imagem: Arquivo Pessoal

Segundo ele, a esperança é que a justiça seja feita o quanto antes. “Não vejo a hora de que ele seja julgado. Quero ouvir o que ele tem a dizer e observar como o Poder Judiciário vai proceder. Acredito que nós, da família, e também a sociedade merecemos esta resposta. Espero que o caso tenha seu desfecho em breve e que o culpado seja penalizado de forma exemplar, com todo o rigor da lei. Que pegue pena máxima e pague pelo que ele fez. Que ele fique muito tempo privado de sua liberdade, pois o que ele fez foi algo terrível”, afirma.

Em busca de respostas e de paz

Nas palavras de Carlos, é muito ruim viver com esta interrogação. “Sei que a Marta não vai voltar, nas acredito que após a justiça ser feita poderemos seguir em frente com um pouco mais de paz no coração, sabendo que o caso teve um desfecho, que as respostas foram dadas e que a memória dela foi honrada”, finalizou.

Andamento

Esta semana o Nova News tentará, junto às autoridades que cuidam do caso, obter, dentro do possível, informações sobre o andamento do processo bem como tentar apurar se há previsão para as próximas fases relativas à sua tramitação.

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