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“As polêmicas sobre o filme que ofende Jesus Cristo”, por Elizeu Gonçalves Muchon

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Elizeu Gonçalves Muchon - Foto: Divulgação

É um lixo esse filme do “Porta dos Fundos”, denominado Especial de Natal – A Primeira Tentação de Cristo.

O Filme insinua que Jesus teve uma experiência homossexual após passar 40 dias no deserto. As ofensas não param. O filme mostra Jesus gay e um triângulo amoroso entre Maria, José e Deus.

Confesso que nunca imaginei que alguém, (no caso uma produtora), pudesse ofender tão duramente Jesus, Maria e José, o símbolo maior da família.

No primeiro dia em que a Netiflix disponibilizou em sua plataforma, sentei para assistir. Não consegui. É algo de profundo mau gosto. Um desrespeito e uma afronta aos textos bíblicos e, por conseguinte a Jesus.

Aguardei uma reação dos representantes Cristãos no Brasil. Essa reação foi imediata por parte dos Bispos Católicos e também pelos Evangélicos.

No dia seguinte a Associação Católica Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, acionou a Justiça pedindo que a Netiflix tirasse do ar a exibição. Entretanto, a Juíza de 1ª instância Adriana Jara Moura negou a liminar. Mas em julgamento de segunda instância, o Desembargador do Rio de Janeiro Benedicto Abicair determinou a suspensão da exibição. “Em sua decisão ele destacou que a suspensão seria melhor não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã. Até que se julgue o mérito do Agravo”.

É óbvio que esta é uma notícia da qual todos já tomaram conhecimento, porém, abra-se um debate sobre a liberdade de cultural e liberdade de expressão. A OAB, por exemplo, repudiou a decisão do Desembargador, alegando que ele está tolhendo o direito de expressão.

Por outro lado, fica a pergunta de até onde vai o direito de expressão? A democracia que é sinônimo de liberdade, tem seus limites, pois meus direitos terminam onde os seus começam. Liberdade não é a mesma coisa que libertinagem e bagunça.

Direito de expressão é bastante subjetivo, pois qualquer um pode expressar, por exemplo palavrões, mas esses palavrões ofendem e podem ser crimes com base na lei, logo, a liberdade de expressão deve respeitar as pessoas, as religiões, as opções de vidas e tudo mais. Diretos de expressão não é total, mesmo porque é imprescindível avaliar de que expressão se trata.

Filmes que desrespeitam as religiões (somos um país laico), pode gerar ações fundamentalista e violência. Fazer gracinha com Jesus Cristo e isso valeria para Maomé, Buda ou outro líder religioso, é desrespeitar a crença, a fé e o próprio Deus.

Todo respeito a quem pensa ao contrário, mas para mim, cristão convicto, esse filme, além de ser um lixo, é um desrespeito e sobretudo uma enorme falta de criatividade.

Tenho certeza que Jesus não se abala com isso, pois já passou por humilhações e sofrimentos impossíveis de mensurar. Jesus é amor e perdoa os tolos, mas eu, infelizmente não sou Jesus e na condição de humano bem como no uso do direto de expressão - aí sim – deixo claro que não gostei do Filme.

O mais assustador é que se você ler a Constituição, Art 5º, IX, vai observar que ela garante que os enredos dos filmes falem as bobagens que quiser, espero, todavia, que os Tribunais possam interpretá-la com um risco de giz entre a fronteira das letras frias e a realidade religiosa de cada um. Mesmo porque, já há precedente, por exemplo a exibição da Peça o Evangelho Segundo Jesus, a Rainha do Céu, que tratava Jesus Cristo como uma mulher transgênero, FOI PROIBIDA por decisão judicial.

Por derradeiro, gostaria de lembrar que a liberdade artística, é um espectro da liberdade de expressão que, como esta, gera discussões acerca de seus reais limites. Trata-se de tema complexo para o qual as Cortes Constitucionais, quando demandadas, em diversos casos precisam estabelecer critérios e até regular o texto constitucional, para SEPARAR o conceito de “arte” de práticas de ato que configure algum ilícito ou agressão a terceiros. (Nesse caso aos Cristãos).

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

elizeumuchon@hotmail.com

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